27 de dez. de 2011

O que importa é andar

Na Natureza Selvagem;
 O isolamento é extremamente fascinante. começando pelas pequenas coisas, abdicar-se de todas as redes sociais cheias de pessoas e assuntos hipócritas e sensacionalistas. depois, parentes chatos que somos obrigados a tolerar. logo, o fone de ouvido será a única coisa a entrar dentro de seus ouvidos. já que estamos na era da individualização, povoado por almas distantes e cabeças monótonas, não faria mal fazer jus ao derradeiro período.
em algumas noites de dias cansativos, a vontade de literalmente pular pra fora de tudo é quase irresistível. vagar por uma rua qualquer de algum outro mundo qualquer, como um andarilho sem destino, um eterno errante.
os motivos são variados...incompreensão, cansaço, tédio enfermidade (física ou psíquica), revolta, experimentação ou pura distração. não importa o motivo pelo qual há a opção do isolamento; de ir embora de uma vez por todas, de fugir das garras do tempo que se esgota e da rotina que assassina...o que conta é andar.

12 de dez. de 2011

qual é o seu universo paralelo?

a própria ideia de que nesse exato momento poderia existir um outro eu, um outro você em algum universo paralelo de uma galáxia aleatória, é assustador. Um você que esteja carregando baguetes ao longo da rua que passa pelo rio Sena. Um outro você que é lutador livre profissional, um outro você que talvez, seja ainda mais vagabundo e que toca violão e fuma maconha o dia inteiro. O que eu quero dizer é que não se pode ter certeza de nada, então por que não acreditar? a vida se torna um tanto enfadonha quando o ceticismo reina. milhares de partículas teriam de ser aceleradas à velocidade da luz, kms de vácuo teriam de ser agitados, estrelas teriam de explodir em mil pedaços, o sol teria de se mover em uma órbita diagonal..até que nós descobríssemos a verdade. sobre a nossa gênese, que, talvez, se deu na fragmentação cósmica entre todos os universos em que habitávamos...uma quebra que deu origem à relatividade tempo-espaço, ao nosso mundo como o conhecemos hoje, à toda a merda do planeta terra. a fome excruciante que sentimos é mais do que um simples desequilíbrio químico, na verdade, é a falta que o nosso outro eu do universo paralelo faz. você pensa que isso acaba por aqui, mas está enganado. isso se perpetuará através de intermináveis casas de espelhos multidimensionais, lupas desfocadas e vidros ladrilhados infinitos. voando no vazio tentando encontrar a porta certa.

o amor e a neurose

A neurótica convicta deixaria o amor trancafiado dentro de sua redoma de vidro, longe de todos os tipos de infecção, contágio e enfermidades. conservá-lo vivo, acima de tudo, é o essencial. não importa se ele se sentirá sufocado, esmagado, contanto que ainda lhe proporcione o prazer das aparências.

" Acaso não sabes que as aparências são como a nossa alma perante os olhos alheios? esconder as rachaduras, as falhas e defeitos, apresentar um exemplar bem cuidado e manso. fazer-se imperceptível entre o rebanho de cópias, essa multidão fiel. o amor tentou nos dominar, quis subverter a ordem, nos consumir em piras colossais, nos fazer acreditar que somos Um. ideais libertários e de amor livre podem parecer atrativos à primeira vista, mas na prática não são nada convencionais, nem um pouco aconselháveis"

O amor vai te tirar dos trilhos, te colocar no lado errado do caminho.

24 de set. de 2011

Tirando o pó do meu mini acervo de palavras.

precisava vir aqui e postar alguns escritos que eu tinha guardados há algum tempo.

Os ventos do norte não movem moinhos;

Será que você ainda se lembra daquele poema que te escrevi? tinha um título em francês, e muitos versos sem métrica nem rima, mas ele era o que mais havia de verdadeiro dentro de alguém como eu, com os meus recursos, na época. tudo o que eu queria era te consolar, dizer que, por mais que tudo parecesse pesado e sem sentido, ainda havia um bom motivo pra sorrir despreocupadamente e dormir um sono leve. não sei se as palavras te alcançaram dentro do seu casulo de lágrimas, mas para mim foi um bem maior. pela primeira vez na vida senti que havia realizado alguma coisa, chegado até o fim. não importava se o meu pequeno poema de retalhos estivesse manco, não soasse belo quando alguém o lesse ou não satisfizesse as regras crueis da literatura culta. nao. porque ele era meu, e era palpável. ao terminar, senti-me como um pintor barroco, admirando a sua obra-prima. simplesmente maravilhado. é incrível o que sentimos quando criamos algo..dê uma olhada em volta, as pessoas estão a todo o momento morrendo de soberba, bêbados de vaidade. sobre suas criações, seus filhos, seus feitos, suas vidas, seus mortos, seus caminhos tortos. e assim nós vamos seguindo, dependentes do que criamos, e ao mesmo tempo solitários.

Free-Thinking/Falling

os ultimos tempos tem sido bastante surpreendentes e reveladores ao mesmo tempo..tenho aprendido muito mais do que eu jamais aprendi na escola ou em livros didáticos. é o pensamento livre. free-thinking. tu não pode saber se está certo ou totalmente errado, apenas sente e deixa aquele sentimento florescer e fluir por entre tecidos e conexões nervosas. não há nada mais libertador (apesar da liberdade ser um ideal utópico) do que filosofar sem rumo. sem regras ou burocracias, apenas deixar a mente viajar (livre de estimulantes artificiais).

Consequência ou não desses tempos surpreendentes e reveladores, o que me perturba muito é ter entrado em um estado de mente (e espírito) de ansiedade total. O sentimento de querer aprender, ensinar, fazer TUDO ao mesmo tempo. É tanta informação, e eu ainda tento me comprometer com a missão impossível de fazer tudo entrar dentro da minha cabeça. Eu sinto que são tantos livros, filmes, revistas, músicas, enfim..tanta informação valiosa! que pode, de alguma forma, me fazer crescer e continuar nessa constante metamorfose..que é tudo o que eu quero da vida. Mas..como eu sou uma pobre humana ridícula e limitada que só usa 10% do seu cérebro animal, é óbvio que eu não consigo fazer tudo ao mesmo tempo, apenas acabo fazendo tudo pela metade, ou pior, não fazendo nada. É tão angustiante ter todos esses livros lidos pela metade na minha estante, intermináveis pastas de álbuns de bandas no meu desktop..eu preciso de paciência e calma.

anxiety kills;

afinal o ideal seria se não sentíssemos absolutamente nada. de que vale toda a excitação e toda a alegria se depois teremos que pagar em tristeza com a mesma intensidade? seres amorfos com interiores mecânicos não carregam o fardo da dor nem o sufoco das lágrimas. e justamente por serem desprovidos de uma alma, eles não teriam questionamentos sobre isso, nem sobre nada. uma folha caindo de uma árvore no outono não provocaria neles a mais complexa reflexão metafísica sobre o mundo. ele não viajaria eternamente por entre os pensamentos, que levam seu espírito para longe do universo físico. seria uma existência completamente desprovida de emoções, mas, ao menos, sem dor.

things could be simple. just like this sentence.

todo movimento precisa de repouso;

Esse livro do Paulo Coelho (As Valkírias) veio em boa hora. sabe, to precisando mesmo é extrapolar a minha segunda mente, ter aquele momento 'epifania no deserto'. olhar para o horizonte e deixar o Universo me guiar. No melhor estilo sociedade alternativa. toda essa baboseira mistica sempre me chamou muito à atenção, demais até. amuletos, astrologia, incensos, sonhos, além-vida. creio que não só pra mim, como pra todos os que acreditam, é um artifício que tenta engrandecer nossa pobre mortalidade, tenta provar que somos maiores do que o mundo corpóreo; afinal, encarar a verdade não é para qualquer um.

abrace o clichê: let it be!

Por que dar nome à tudo? às vezes é bom viver algo que não se encaixa nos padrões, algo que fuja um pouco do peso do compromisso. o compromisso esmaga, sufoca e acelera o processo (inevitável) de desgaste.

Venho me perguntando há algum tempo, sobre aquela velha questão que envolve nossas escolhas: determinismo ou livre-arbítrio? parece que em todas as teorias científicas, todas as escolas psicológicas, o homem é apenas um reles coadjuvante no cenário de sua própria vida. a única parte que muda de acordo com a teoria é o contexto; para a psicanálise somos seres dominados por nosso inconsciente e determinados psiquicamente por acontecimentos e escolhas passadas; para o behaviorismo, somos apenas o comportamento observável, determinados mecanicamente pelo sistema estímulo-resposta; para a genética, somos meras marionetes movidas pelo desejo inato de propagar nossos genes egoístas; para os hindus, a mente não pode ser livre por estar vinculada à lei do karma.

Creio que apenas a religião católica (incluindo suas variantes) e a fenomenologia escapam à regra. são as únicas 'teorias' em que o ser humano aparece como verdadeiro senhor de seu destino, de suas escolhas. Jean Paul Sartre no existencialismo fala sobre a "maldição do livre-arbítrio", o homem estaria condenado a ser livre no mundo para todo o sempre,l carregando o peso de suas próprias decisões.

Assim, não sei se estou apenas seguindo a tendência predominante, mas acho que já formei minha opinião sobre o assunto. acredito em determinismo psíquico, cultural, social, seja lá qual tipo for. creio que tudo acontece por um motivo, não existem coincidências felizes ou acasos fortuitos. é claro que, nem sempre a mão do 'destino' se faz transparente; às vezes não conseguimos entender porque tal coisa nos aconteceu em determinado espaço e tempo de nossas vidas; às vezes tudo parece uma conspiração grandiosa planejada para nos desviar do caminho que pretendiamos trilhar. como diria Romeu: "sou joguete do destino [...]".

28 de ago. de 2011

mais um sobre felicidade;

Imagem: deviantart
existe um ideal kitsch dentro de cada um de nós. são pequenos fragmentos de cenas, de memórias idealizadas que estão veladas sob a lápide mais profunda de nossas almas. quadros pitorescos que nos fariam chorar de nostalgia, de carência, porque a realidade aqui fora é tão diferente do mundo paralelo que construímos, porque, no fundo, sabemos que esse momento de perfeição abstrata nunca acontecerá de verdade.

nossa vida transcorre dentro de uma linha reta, mais ou menos uniforme em relação aos sentimentos de perda e alegria. isso me lembra o fato de que nunca seremos plenamente felizes, nenhum de nós. pelo simples fato de que nunca estaremos totalmente satisfeitos e completos. o pôr do sol e as belas melodias eventualmente nos parecerão repetitivos e sem sentido. a nossa felicidade também é vítima do ciclo inexorável da vida; início, meio e derradeira hora. e por sermos extremamente maleáveis e adaptáveis a qualquer situação nova e até mesmo adversa, nunca vamos poder dizer: "tudo bem, encontrei minha verdadeira essência, estou totalmente satisfeito com todas as coisas que possuo agora, com todas as pessoas que são uma parte da minha vida", porque sempre haverá uma lacuna a ser preenchida.

se algo como a felicidade existe, ela não pode ser quantificada ou medida, é apenas um estado mental passageiro e levemente viciante. a felicidade me parecer ser como o El Dorado, a terra perdida. passaremos a vida inteira tentando encontrá-la, e os únicos vestígios que temos dela são relatos de lendas milenares e a leve impressão de que já estivemos lá, em algum dia de verão passado. é a arquitetura sob a qual todos nós construímos nossas vidas, algo válido para se buscar durante a existência, a eternidade, talvez.

15 de ago. de 2011

#SegurançaURGENTE


tudo isso parece tão urgente e gritante. dessa vez nao há nada de muito individual em toda a questão..se trata de uma dor coletiva, compartilhada e sentida por muitos, qualquer um que ainda preserve um pouco de humanidade dentro de si nesses tempos de correria selvagem. e creio que todos também experimentam aquele sentimento de raiva cega, uma impotência sem fim perante os fatos.
no dia de hoje todas as letras de protesto contra a violência, todos os poemas que pregam paz e amor vão me parecer cantigas velhas e inúteis. sonhos despedaçados e hinos de fraternidade desafinados.

como já comentaram: nojo da falta absurda de segurança, das pessoas, de tudo...creio que o fato que mais me chamou atenção (e a todos também) foi o de que a vítima era um simples estudante, como eu, como qualquer um de meus amigos, e que isso poderia muito bem ter acontecido comigo ou com qualquer um deles. É aquele velho clichê: temos consciência de certas coisas, mas não acreditamos ou não damos a devida importância até que aconteça conosco ou com alguém bem próximo.

e é uma verdade absurda que tais coisas tenham que acontecer para despertar nosso interesse, nosso bom senso, para que nos conectemos a essa realidade trágica, que mostra que pode ser modificada apenas se nós quisermos e assim o fizermos.

14 de ago. de 2011

ando meio desligado;

" segredos permeiam a existência humana, eles estão por toda a parte, por mais que você os prefira ignorar. por que não nos basta nossa fria solidão? nossa presença corpórea e concreta para nos satisfazer por completo. por que necessitamos do outro? essa questão tem estado presente por toda a minha vida. precisamos daquele velho laço que nos une com um ser semelhante, precisamos conhecer seus mais íntimos segredos para nos sentirmos satisfeitos - tudo isso é de um ponto de vista altamente individual, nada de social implicado nas entrelinhas - precisamos da amizade, para nos tornarmos completos, de alguma forma, saber que há outro alguém que gosta de nós, ou que simplesmente nos conhece, isso ajuda muito a preencher um pouco do vazio inexprimivel que está contido dentro de nós. agora não consigo prestar atenção em palavras ou manifestações subjetivas, só vejo a parede dura de concreto à minha frente. aquela dúvida cega e angustiante que me leva à introspecção. é o sentimento de estar nu dentro da escuridão, sem a possibilidade de fazer contato com o mundo externo, já que ninguém sofre pela mesma dúvida, ninguém queima no mesmo fogo.

e quando você subitamente descobre segredos de pessoas tão próximas, não há sentimento mais surpreendente, é como se um corpo estranho de repente se alojasse dentro de você. será que as pessoas devem/podem ser julgadas apenas por um ato? seja de maneira positiva ou negativa. meu bom senso e experiência me dizem que não, mas e se, essa pessoa for esse ato?  e se de algum jeito, ao praticá-lo ela tenha se fundido com o grande desconhecido, por mútua atração dos opostos, e tenha se transformado no ato? pensamentos queimando, cozinhando em fogo brando.
só o que me resta é assumir a velha posição pueril, um ponto de vista arcaico, não mais em uso, mas que continua enraizado e latente dentro de mim. pensar que tudo e todos não prestam e buscam apenas satisfazer seus próprios interesses. isso é um tanto extremista, mas nao é de todo mentira. é um tanto como se fosse uma proteção imunológica imediata do golpe instantaneo, nos fechamos em nossa concha semi-isolada e nos transformamos em crianças mimadas e emburradas xingando o mundo e evocando o pior dos castigos do sétimo inferno.

porque eu fui criado dessa forma, porque eu não consigo ser diferente, porque eu estaria negando minha essência natural - se é que tais besteiras existem - eu só posso ser transparente. não posso nem consigo esconder meus sentimentos atrás de uma máscara. se gosto de alguém, essa pessoa bem o sabe, basta interpretar a minha linguagem facial, do mesmo modo que não consigo ocultar quando estou viajando por outras galáxias, mergulhado até os ossos nesse estado de semi-consciência, letargia melancólica..sem saber se continuo sob o mesmo teto da realidade de todos, ou se estou dentro de uma realidade paralela.
e então, conhecido o segredo que eu não sabia, sinto que sou pelo menos indiferente para aquela pessoa. tudo o que me vem à mente é o frio e a descrença, perco eternamente por algumas horas a fé naquilo que chamam de amizade ou companheirismo..o melhor é voltar e começar a pôr vigas e construir muralhas em volta de meu mundo paralelo .. "

31 de jul. de 2011

A Insustentável Leveza do Ser - Pt. 2

(No último post eu comecei a falar um pouco sobre a relação entre o casal principal do livro: Tomas e Tereza. Ainda há algumas coisas a serem adicionadas sobre eles, mas nunca vai ser o suficiente, porque existem tantos detalhes e segredos escritos nas entrelinhas, que levariam muitos posts para serem desvendados. Mas continuo aqui..)

Já mencionei como eu admiro a maneira que o Milan Kundera desenvolve toda a narrativa, porque ele explica minuciosamente cada parte crucial do livro, através de uma espécie de monólogo dirigido ao leitor..um costume bem machadiano! Já que o livro é repleto de pensamentos profundos e filosóficos, ele explica, muitas vezes, do seu próprio ponto de vista, dá exemplos e retoma essa explicação quando o tema reaparece em outro capítulo.

Outro ponto importante da relação entre Tomas e Tereza são os constantes sonhos dela; são sonhos que se desenrolam como uma estorinha: no 1° deles, para sufocar a dor da alma com uma dor física, ela enfiava agulhas embaixo das unhas, no 2° deles, ela e várias outras mulheres nuas estão marchando ao redor de uma piscina, cantando e flexionando os joelhos. Dentro de uma cesta suspensa no teto, estava Tomas. Caso alguma delas não conseguisse continuar marchando, ele imediatamente dava-lhe um tiro e a mulher caía morta dentro da piscina. No 3° sonho do ciclo, mostrava-a depois de morta, ela estava deitada dentro de um carro fúnebre do tamanho de um caminhão, à volta dela só haviam cadáveres de outras mulheres. Depois da descrição dos sonhos, tem toda uma análise bem freudiana; eles bem claramente representam a insegurança e o medo atroz que Tereza sente das infidelidades de Tomas, de ser abandonada por ele. E, apesar de Tomas não conseguir abandonar a poligamia, ele se culpava e quando Tereza lhe dizia que enfiava agulhas embaixo das unhas, ele sofria junto com ela. Seu destino (ou maldição) era a compaixão, que significa que não se pode olhar o sofrimento do outro com o coração frio, sentimos simpatia por quem sofre. Assim, ele compreendia Tereza, e não somente era incapaz de lhe querer mal, como amava-a ainda mais.

Um dos pontos centrais do livro gira em torno da frase do último movimento do quarteto de cordas de Beethoven: "Muss Es Sein? Ja, Es Muss Sein!", traduzindo: "Tem que ser assim? Sim, tem que ser!". Pelo que eu entendi, todos temos uma espécie de "Es Muss Sein" em nossas vidas, algo semelhante à voz do destino, algo que tem peso em nossas vidas, já que Beethoven considerava o pesado como algo de positivo. E só nos resta aceitar essa ordem, pois temos apenas uma vida, não temos o privilégio de viver outra vez e verificar se erramos ou acertamos ao tomar certa decisão. Tomas sentia que o Es Muss Sein de sua vida era Tereza.

Tomas via Tereza como uma mulher que chegou e tirou sua vida do eixo, já mencionei antes que ele se recusava a dormir com suas amantes, após o ato, levava-as para casa alegando que tinha insônia, quando na verdade não suportava a ideia de compartilhar o sono com uma pessoa estranha, e o constrangedor café da manhã que sucedia a noite. Mas com Tereza foi diferente, ela chegou em Praga de surpresa, e logo depois adoeceu, não lhe deu tempo para "ordená-la" em sua vida. Ela pegou um resfriado, e Tomas a observava dormindo, ocorreu-lhe a ideia de que ela era uma criança deixada a sua porta dentro de uma cesta. Assim, nos é apresentada a imagem que deu origem à personagem na cabeça de Kundera: Tomas está na janela, olhando para a parede suja do prédio em frente, indeciso, refletindo se deve ou não propor a Tereza que ela venha morar em Praga. Se sim, isso implicaria numa mudança radical em seu estilo de vida. Se não, ela voltaria a ser uma simples garçonete de interior, e eles nunca mais se veriam novamente. Essa imagem guarda a chave da vida de Tomas.

Ele então se lembra da noite em que Tereza estava deitada em sua cama, adormecera após ter tido febre. Ele a via de modo diferente, não como amante nem como esposa, mas sim como uma criança indefesa que ele retirara de uma cesta, havia um sentimento muito grande de proteção. Ao observá-la, imaginou que os dois já se conheciam há muito tempo, e que ela morria. Percebeu imediatamente que não sobreviveria à sua morte, apesar daquela ser a 2ª vez que se viam na vida. Olhando a parede do prédio em frente ele compreendeu que não saberia dizer se aquilo que sentia era histeria ou amor. O amor pode nascer de uma metáfora, a metáfora nesse caso seria a imagem de Tereza como uma criança indefesa deixada a sua porta.

A minha intenção principal era mesmo falar só sobre Tomas e Tereza, que são as personagens principais. É claro que a vida deles se envolve com a das outras personagens Sabina e Franz, quem já leu o livro sabe muito bem. Mas se eu for falar sobre eles também, vou acabar redigindo um TCC sobre o livro aqui. Dá pra fazer análises infinitas de cada capítulo da obra, mas eu já fiz o que queria, escrever um pouco sobre as partes mais importantes. Eu sugiro, de todo o meu coração, que leiam o livro, não vão se arrepender. É um daqueles livros que realmente mudam vidas, um dos muitos. Quanto ao filme, gostei bastante da atuação do Daniel Day-Lewis como Tomas e da Juliette Binoche como Tereza. Mas na minha opinião pessoal (e na do Milan Kundera também, ha) podia ter sido melhor adaptado. Acho que eles focaram demais na parte erótica do livro (tanto que o filme pertence ao gênero erótico) e menos na parte "filosófica". Mas é apenas uma opinião.

29 de jul. de 2011

A Insustentável Leveza do Ser - Pt. 1


Depois de muitas conjecturas sobre o que postar, me veio à mente um livro que esteve bem presente na minha vida nos últimos anos. Já devo ter lido umas 4 vezes. Me agrada o jeito como eu encontrei ele, o jeito como eu fui lentamente descobrindo ele, e o jeito como eu continuo percebendo coisas novas, a cada releitura.

O dito cujo é o livro mais famoso do sr. Milan Kundera, nascido lá pelas bandas da Tchecoslováquia. Eu estava fuçando em um armário de livros velhos aqui em casa, e acho esse livro com um formato bem retangular e comprido, com a capa e a fonte um tanto toscas (foto do post), na verdade, o que me chamou à atenção mesmo foi o título: "A Insustentável Leveza do Ser". Acho que até hoje não tenho uma só ideia concreta do que realmente signifique essa leveza insustentável, apenas teorias bem vagas.

Me apaixonei por esse livro não porque eu tenha me achado parecida com algum personagem, mas porque ele é simplesmente belo. O autor consegue descrever cada sentimento e abstrair cada significado de cada conceito de um jeito tão fascinante e filosófico. Eu tenho a mania deselegante (ha) de sublinhar as frases que eu gosto nos livros. E nesse, são tantas "quotes", que deixaria esse post grande demais.

O livro começa com o questionamento sobre o que seria melhor: o peso ou a leveza? seguindo uma linha histórica, Kundera vai apontando as denotações que ambas as palavras ganharam ao longo do tempo. Ele diz: "A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições". O peso, por um lado, nos remete a algo negativo e difícil, enquanto a leveza seria algo positivo e aliviante. Mas, ele traz a ideia de que nem sempre o pesado é ruim, já que, muitas vezes, só aquilo que é pesado resiste às provações do tempo, só o que é pesado pode ser intenso, e de certa forma, mais real. Já o leve, por sua vez, faz com que a pessoa se torne mais leve que o ar, que ela seja livre, mas também, se distancie da realidade e do sentido original de tudo. Só é grave aquilo que é necessário, só tem valor aquilo que pesa.


Eu acho tão lindo e real o amor que existe entre o 1° casal mostrado na narrativa, e também principal, Tomas e Tereza. Quando eles se conhecem, Tomas é um daqueles caras divorciados de 30 e tantos anos, no ápice da "vida sexual ativa", colecionando inúmeras amantes, porém, sem nunca se apegar a nenhuma, nem dormir na mesma cama após o ato, já que pra ele, "o amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor, mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)." Tereza é uma personagem com um passado opressor, ela sempre viveu em meio a um ambiente que lhe causava náuseas; tanto em casa - onde sua mãe sentia ciúmes dela com o padrasto e a forçava a mostrar seu corpo, dizendo que ele era igual a todos os outros corpos - como no trabalho, passou grande parte de sua adolescência trabalhando em bares da cidade, acostumada a ouvir propostas e frases indecentes de todos os bêbados que frequentavam o lugar. Levou seis acasos para o destino impelir Tomas até Tereza, e talvez seja isso o mais interessante, porque um acontecimento se torna mais importante e carregado de significados quando depende de um número maior de circunstâncias fortuitas.

Continuarei a falar mais sobre o livro no próximo post, esse já tá muito longo!

P.S. : Li essa curiosidade na página da Wikipedia do autor, e achei muito hilária;
"Sua obra principal, "A Insustentável Leveza do Ser" ganhou em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman e com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco. Recebeu 2 indicações ao Oscar e reconhecimento mundial. Desde então Milan Kundera nunca mais autorizou a adaptação cinematográfica dos seus romances."

21 de jul. de 2011

Sincronicidade;

Não existe algo que alegre mais a alma de um ser do que receber notícias de um amigo que não vemos há muito. parece que te revitaliza e te faz maior. saber que ele está contente, que conheceu pessoas novas, com quem pode compartilhar do mesmo sentimento, é como uma calmaria que paira sobre as águas após um profundo mergulho. Vê-lo, então, é a materialização da doce utopia. é a pupila dilatada, o sorriso verdadeiro - que provoca ruguinhas de expressão - o abraço demorado. E então podemos nos sentar, falar sobre bons e velhos dias e o espreitar de uma nova alvorada, ouvir o ritmo de nossas palavras diminuindo cada vez mais seu batimento, até se transformar em silenciosa compreensão. um olhar mútuo contemplativo entre dois corações que se reconhecem.

"this time I know and there's no doubt in my mind. it's forever.."

30 de jun. de 2011

liberte a revolta; (que há em você)

(trecho escrito em um momento de revolta, o qual chamamos, popularmente, de "momento che guevara". ele reagiu com rage against the machine e provocou uma combustão geral. Acho que dá pra dizer que é um pouco pessoal, mas ainda prefiro escrever sob um eu-lírico masculino).

Aqui estou eu; mãe, pai...ao contrário do que as suas preces e pedidos rogavam, me transformei em um rato subversivo, que vagueia pelo submundo dos esgotos fétidos, sempre tentando corroer pelas beiradas o sistema podre que os embala. Não adianta chorar nem amaldiçoar, porque uma vez que a ave da revolução pousa em seu ombro esquerdo, não há mais volta...abri meus olhos para tudo o que há lá fora. Me tornei tudo aquilo que vocês temem e desprezam...Meu poder é minha palavra, meu amor a minha liberdade, meu prazer a poesia. Sou um renegado do lar, o traidor da grande herança, o amante das ruas..e de todas as garotas nuas com seus cigarros à boca. E então eu digo, pai, não tente vir me buscar, não tente me levar pra casa; estou vivendo minha utopia à minha própria maneira agora, a paz de espírito me sequestrou e não há resgate que você possa pagar.
S.Y.

21 de jun. de 2011

Off the Rails;

"we've been keeping each other on this misery diet for so long. it's not fair."

I had been planning to do that for a while now. in every bit of free time I had...in a break for coffee and a cigarrette, in the elevator moving from one floor to another, in the hiatus between lying down and falling asleep. but still, I couldn't figure out a way, the right one, to do it.

as of her, she seemed to be alienated from everything. from our life and troubles together, from the pain left from the weary struggles. she had this bubble of sedatives where she could hide in whenever I dared to start talking about that...

that...I've never been so sure about anything in life, you know? but right now, I knew I needed to end this. I've come to the redundant conclusion that I actually hate her. there was nothing clutching me to her anymore. now it was only this empty, ancient feeling that barely survived in the rooms of our mind. like an old, unwelcome memory you try to get rid of, but still you keep dreaming about it, seeing it...it's called karma, isn't it?

so here I stand, apparently at the last stage of a rehab...where the ex-junkie feels some kind of dawn, breaking inside of him, the resignated state of mind that makes one want to move on. and that's exactly what I had to do. I lit up the last cigarrette from the pack and stood up, walking fast to the exit of the coffee shop, trying to feel something pouring in the air...words, I suppose.

as I walked down the streets, half shivering, half warmed by the smoke, I caught glimpses of her. her devastated face reacting to the sound and meaning of every word I spoke. how she would curse and scream and weep, telling me I'm the great traitor of her happiness. she would think about suicide...homicide, perhaps. and in the middle of the whole scene, she would quote melodramatic, determinist lines, trying to demove me from my one and only decision: to leave her.

seeing that it'd be of no use, she'd finally tell me I'm scum...that I failed to deserve her and all that bullshit I had to hear one million times before. usually, in situations like these, I tend to evade my thoughts, thinking of a song, or a quote from a book that'd fit perfectly to the moment. to the moment I was about to go through, it came naturally to me, whispered: "but it ain't me, babe...no, no, no, it ain't me, babe. it ain't me you're looking for, babe". a folk lullaby sung to the heartbroken ones. but no, not this time. maybe some trashy heavy metal song to cradle destruction and fire. yeah, that'd do.

I was getting really near. only 2 blocks away. in a few minutes, I was going to turn in the corner of the sreet where she lived. I was starting to get chills. maybe it was only the wintertime. I tried to seek for something else inside my head, something that wouldn't make me want to turn back and run to the nearest pub to wash everything off with alcohol. oh, alcohol, where'd I be without you? this made me smile.

but I'm not the character in a movie...these are real relationships, real bullets. do I care about her feelings? no. I don't think she has that. she spends so much time in this half-world, high on her own pain. besides, I really don't give a fuck. I need to live and be a part of the human race...well, in my own way. and this desire for survival has stricken upon my soul so strongly.

I had past the entrance door of the building when I woke up from my inner monologue. I noticed it was 9 o' clock, the close of a silent grey day of november. third floor, I climbed up the stairs, hands on my pocket (seeking for words again), reviving dead and gone times in the corridor, where we once smiled together. I take my time before knocking, fuck, I've delayed this for months, trying to come up with a better way out, but this is it, it's the final cut, the edge of a season.

I knocked, but no one answered. maybe she's out, I'll come back some other time, I just feel like going somewhere dark where they have jack daniels. I forced myself to turn the doorknob, and it was open. I entered. at first glance, everything seemed right, the usual messy room...clothes, books and dolls displayed all over the cubicle. I closed the door and stood there for about a minute, tripping inside my own thoughts. She should be in the bathroom. When I moved my foot to start walking, I notice some stains on the sheets, I take a closer look: they're fresh red. the blood must've been spilled within the last...5 minutes? I'm stuck to ground and breathing fast.

I turn around and see the bathroom door almost closed. nothing else existed in that very moment; all my fears condensed into one single move, one single possibility. just stop thinking and act, you asshole! I took the step till the door and pushed it slowly until it hit the other side of the wall. she was lying there inside the bathtub, with her eyes closed, and the water was deep red. pending from the border of the tub, was her left arm. at that point, any kind of excuse or sound I was trying to make, simply vanished from my psychological reality. I chocked on my own boiling anger.

was she there 'cause of me? didn't I love her enough? I fucking left everything behind just to please her, took every arrow and stone she threw at me for granted, just to make it right. and there she was; bled to death, veins scarred open wide on a hot water bathtub. jesus, how could she do it? that was a stupid question now. warm repressed tears started falling as I tried to drag her outta there, in vain. she felt so cold and heavy in my arms. though that was the first time i think I really felt her, her skin was going to rot in my hands if i stood there yet it felt so true and human.

I couldn't tell if i felt sorry, if i felt angry, if i felt sad or guilty. I can only recall that feeling of smashing reality that took place when i held her cold body, the huge cuts in form of crosses within her wrists. when I touched her for the last time.

15 de jun. de 2011

uma sobre cultura;

A pergunta que paira no ar é: como você sabe que é real? quando digo real, não me refiro à dimensão material, um ser com um crânio pensante, ossos, carne e sangue. Não. Eu falo da dimensão psíquica; se você tem apenas uma persona programada para funcionar socialmente ou se realmente tem uma identidade (não sei se é essa a palavra), mas que se entenda por identidade: sentimentos, opiniões e vontades próprias do seu crânio pensante. Não sei se existe uma resposta pra essa pergunta..

Você já se perguntou sobre isso? ao invés de apenas continuar vivendo as mesmas coisas, sendo conivente com uma teia de falsidades e artificialidades? creio que poucas pessoas se perguntam isso, ou melhor: tem os culhões pra se perguntar isso e refletir internamente. É claro que a resposta cada um sabe, ela repousa silenciosamente, no fundo de todos nós. É clichê, mas pura verdade...ninguém pode enganar a si mesmo. E o acerto de contas? ah, isso é com você mesmo e com a sua consciência também. Li um texto que me fez pensar bastante, e me deixou bastante desconfortável com toda essa questão.

Nos últimos tempos virou modinha ser cult; underground. gostar de filmes, músicas, livros, estilos de roupa e cabelo que são um tanto quanto desprezados pela grande massa, que são considerados "alternativos". Essa nova "modinha" criou todo um submundo do cult, onde as pessoas (principalmente jovens) competem pra ver quem ganha o título de "mais cult" do grupo. O problema é que muitos desses jovens, assistem a tais filmes, ouvem tais músicas e compram tais roupas apenas pra poder se inserir nesse submundo e parecer intelectual. Quando na verdade, eles são totalmente falsos, porque não sabem merda nenhuma sobre essas coisas que dizem gostar, e o pior, eles não têm nenhum pingo de senso crítico, não param pra elaborar a ideia daquilo que está sendo transmitido, só recebem, como meros bitolados que são. Então, como a gente pode constatar diariamente, a cultura também pode alienar.

O ponto do texto é dizer que isso não faz nenhum sentido. Qual é o sentido de se submeter a certos paradigmas só pra poder se inserir em um grupo? quando aquilo não tem sentido algum pra ti. Ter um cabelo colorido com o cortezinho alternativo do momento, usar calça skinny, camisa de flanela, ray ban, alargador, assistir a kubrick e tarantino, ouvir beatles ou bob dylan...nada disso vai te tornar REAL. o que importa é o que tu tira de tudo isso, o que sobra da carapaça social que envolve tudo, porque sem essa reflexão, no final tu acaba só enganando a ti mesmo, chegando a um vazio redundante.

Nada contra quem se auto-intitula cult, apenas contra os cult que não fazem sentido. Eu não me considero rotulada dentro dessas denominações, e acredito que como eu, existam muitas pessoas que ouvem, assistem e se vestem de uma determinada maneira porque sinceramente gostam, porque acreditam nesse "estilo" de vida. Eu ouço beatles e bob dylan porque gosto, vejo kubrick e tarantino porque gosto mesmo...e não pra parecer algo que eu não sou perante o resto. Então, encerrando com um velho clichê (oldie but goodie): seja tu mesmo, gostando ou não de coisas alternativas, contanto que aquilo que te constroi tenha um significado de verdade pra ti.

14 de jun. de 2011

psicanálise & os astros

Só pra esclarecer, o conteúdo desse post não tem nenhuma pretensão verdadeira, foi só uma ideia bastante tosca que me ocorreu ao assistir a um documentario sobre Freud e a invenção da psicanálise, portanto, não é pra ser levado a sério. Tendo dito isso..enjoy!
fileira de baixo (esq-dir): Freud, Hall, Jung
fileira de cima (esq-dir): Brill, Jones, Ferenczi

Sigmund Freud - Touro: o teimoso.
Típico cabeça-dura, prefere perder um amigo a ceder a uma opinião diferente da sua. Como qualquer taurino respeitável, tem o prazer como principal objetivo da vida. Isso explica sua teoria da sedução, o interesse pelo papel da sexualidade e a vontade de prazer, que seria o principal motor da vida humana. Ciumento e possessivo - seja com sua mãe (o início de todo o drama), esposa ou filhos - o complexo de édipo e outras teorias básicas da psicanálise não poderiam ter sido pensadas por outro signo!

Carl Jung - Leão: o showman.
Sendo um signo típico de reis e líderes, Jung não poderia ter ficado sob a asa da psicanálise freudiana pra sempre; criou suas próprias teorias, seu próprio movimento, onde ele seria o centro das atenções e comandaria outros, meros súditos. Sua parceria com Freud, um taurino nato, esteve sempre com os dias contados; de um lado, Jung querendo inovar a psicanálise com suas próprias ideias, de outro, Freud, que nunca iria se render a nenhuma opinião alheia. O leonino tem a necessidade de brilhar, de ser o sol, isso explicaria também porque Jung sentia possuir duas personalidades distintas: um eu exterior, e um eu interno, que tinha uma proximidade especial para com Deus; vejam a prova da vaidade e exibicionismo desse signo!

Sándor Ferenczi - Câncer: o sentimental.
Apesar de não ser tão lembrado quanto Jung, Ferenczi também foi um grande psicanalista, sendo muito próximo de Freud...ora, isso é óbvio, sendo um canceriano, nada é mais importante do que ficar bem próximo dos amigos (a não ser ficar perto da mãe). Aliás, nada é mais importante do que as pessoas que ama, ele tende a ser possessivo e defende-os com toda a sua comovente força de vontade. Uma de suas crenças (que, adivinhem...foi recusada por Freud!) era a de que a terapia seria mais eficiente para ambos terapeuta e paciente se eles mantivessem uma relação mais próxima; nada de neutralidade terapêutica! o que ele queria mesmo era contato; abraços, toques, dar e receber presentes, etc. Como já dito, o canceriano é extremamente apegado à mãe, sendo assim, Ferenczi julgava que essa terapêutica de aproximação seria ideal em casos de pacientes que não receberam afeto materno; vejam como é sensível e atencioso esse signo!

Ernest Jones - Capricórnio: o ambicioso.
Já começamos à toda velocidade, porque o capricorniano é assim: não para nunca, sempre almeja mais, querendo chegar ao topo a qualquer custo. O único britânico dessa lista, Jones realizou inúmeros trabalhos e pesquisas importantes para a psicanálise, além de ter ocupado vários cargos renomados (incluindo a Associação Internacional de Psicanálise), como manda o manual do cabrito, é claro. Além de tudo isso, ainda foi o biógrafo oficial de Freud. Haja obstinação e trabalho árduo pra um signo só!

7 de jun. de 2011

Sid & Nancy - Love Kills (1986)


   Não sabia que ia ser tão difícil conseguir postar sobre todos os filmes que eu assisto. porque são muitos, porque, geralmente, não paro pra "elaborar" a ideia do filme, porque..enfim, eu também tenho outros afazeres.

   Comecei bem essa semana, assisti a Sid e Nancy, um filme que eu já queria ver há muito tempo. e não me decepcionou, nem um pouco. Queria ver porque falava sobre o Sid Vicious, e eu sempre procuro ir atrás de materiais que falem sobre "ícones" da história do rock, e também porque gosto bastante de Sex Pistols, além de aquela ideia de "live fast, die young" sempre ter me interessado.

   Hoje eu já não tenho mais dúvidas: se o filme tem o Gary Oldman no elenco, é certo que é bom. E nesse filme, em especial, acho que dá pra ver bem o quão talentoso e criativo ele é. Apesar de sempre ter achado que a Courtney Love faria melhor o papel de "crazy bitch", a atriz que fez o papel da Nancy me agradou, Chloe Webb, achei as duas parecidas fisicamente.

   O roteiro todo mundo sabe: Sid Vicious, "baixista" e grande ícone da imagem punk dos Sex Pistols, acaba conhecendo essa groupie americana, Nancy Spungen, que acaba introduzindo ele ao mundo da heroína. Eles mantém essa relação totalmente instável de amor e ódio, sexo e heroína, vemos a o fim da banda e a consequente decadência de Sid, até o polêmico episódio da briga entre os dois, no famoso quarto 100 do Chelsea Hotel, em Nova York; onde Sid teria esfaqueado Nancy. Ela morre, e 4 meses depois, ele (overdose de heroína). A morte da Nancy continua sendo motivo de debates até hoje, não se tem certeza do que aconteceu, mas, de acordo com algumas evidências encontradas no quarto do hotel, e também dos depoimentos do Sid, ela teria incitado ele a fazer aquilo, não foi proposital. Eu concordo com essa versão.

   Minha opinião sobre o filme..bom, sinto que se eu estivesse melhor informada sobre os fatos que são retratados no filme, tanto sobre a banda, como sobre ambos, eu teria uma convicção mais forte sobre o que eu vou dizer. Tenho que ler bastante sobre o assunto ainda! Mas, depois de ter assistido o filme, que não é necessariamente a realidade, o sentimento que me passou foi de surpresa. Porque dá pra ver claramente, digam o que quiserem, que a Nancy era só uma groupie drogada. sobre o Sid, acho que não só pra mim, mas pra todos os fãs, ele representa o jovem daquele momento histórico específico, dentro do movimento punk. Resumindo, ele era só um guri que queria achar um lugar no mundo, e acima de tudo, se divertir. o Gary Oldman também me passou a imagem de um guri carismático e um tanto ingênuo, que não tinha muita 'noção' do significado das coisas que aconteciam, ele só "vivia", do jeito que ele achava melhor. Não consegui expressar tudo o que eu senti ao assistir ao filme, mas com certeza é por aí. Acredito que uma das mensagens principais do filme seja: "crianças, não usem drogas!" pra mim ficou bem claro.

   Mais tarde, li os comentários que o Johnny Rotten (vocalista dos Pistols) fez sobre o filme; quando perguntaram pra ele se o filme tinha "acertado em alguma coisa", ele respondeu: "talvez no nome 'Sid'". Aí já dá pra ver que ele odiou completamente o projeto todo, já que ninguém contatou ele na pré-produção pra falar sobre a banda ou sobre Sid/Nancy, o que eu achei ridículo, afinal, ele vivenciou tudo aquilo de verdade. Pelo menos ele reconheceu o trabalho impecável do Gary Oldman no filme.
Encerro com uma frase do Sid, encontrada em um bilhete depois da sua morte, e que mostra bem a relação junkie que os dois tinham:
" We had a death pact, and I have to keep my half of the bargain. Please bury me next to my baby in my leather jacket, jeans and motorcycle boots. Goodbye. "

algo como:

" Nós tínhamos um pacto de morte, e eu tenho que cumprir minha parte do acordo. Por favor me enterrem perto do meu amor com minha jaqueta de couro, jeans e botas de motociclista. Adeus. "

1 de jun. de 2011

Psico-oncologia.


Li hoje na revista Mente & Cérebro uma reportagem sobre a psicologia do câncer, e achei muito interessante, não só por já ter tido parentes próximos com a doença, mas também porque ela tocou em pontos que eu acho bem importantes nesse processo todo que a envolve; desde antes do diagnóstico até o tratamento.

Uma curiosidade que eu não fazia ideia é a de que a forma das células cancerígenas tem uma semelhança com a forma do caranguejo, daí o nome, câncer. A gente vê isso também na astrologia, o signo de câncer-caranguejo. E a doença é representada por esse crustáceo porque, colando da revista: "o caranguejo é um animal noturno que vive quase sempre imerso, invisível, e se desloca de maneira característica: de lado, com movimentos mal coordenados e imprevisíveis. Agressivo, de olhos fixos, apodera-se de suas presas." Ou seja, é uma bela metáfora que descreve o comportamento da doença, ela é latente, e quando resolve aparecer, sempre imprevisível, ataca com toda a sua força.

Hoje, câncer não significa mais sentença de condenação à morte, por mais que muitas pessoas ainda acreditem que sim, a doença pode ser vencida se for descoberta bem cedo. De um jeito ou de outro, o diagnóstico causa muito impacto no paciente e também nas pessoas ao seu redor, que são afetadas de modo quase equivalente, é uma sensação imensa de impotência perante o problema. É isso que o artigo destaca, a importância do apoio familiar e médico ao doente. Todo mundo sabe, ou pelo menos deve imaginar, o quão difícil é passar por todo essa situação; desde as consultas intermináveis em médicos diferentes e exames pra saber o diagnóstico, até a aceitação daquele fato - que provavelmente é a parte mais difícil - até o tratamento e a lida diária com aquela nova verdade.

Foi desse emanharado complexo que surgiu a psico-oncologia. Pra dar uma orientação psíquica pro paciente e também pros familiares dele. Os profissionais da saúde finalmente perceberam que tratar a patologia não é a única coisa que se pode fazer, mas também tratar o indivíduo em si, os seus medos e os seus questionamentos, uma vez que o modo como ele vai enfrentar essa situação muda tudo. emprestando mais uma frase: "O fortalecimento do estado emocional proporciona à pessoa maior adesão ao tratamento e melhor resposta física, assim como mais equilíbrio e entendimento do que acontece com seu corpo e seus sentimentos."

Segundo a OMS, em 2020, cerca de 15 milhões de pessoas, de ambos os sexos, terão algum tipo de câncer. Tá aí outro motivo que torna o apoio psicológico tão válido e bem-vindo. A doença provoca uma série de perguntas existenciais, como; "porque isso está acontecendo comigo?" ou "eu não mereço passar por isso, porque sempre fui uma pessoa boa". Causa muita dor e revolta, a gente nunca para pra pensar que doença e morte fazem parte do ciclo inevitável da vida, e que o fato de termos sido pessoas boas não imuniza nosso organismo. Outro elemento importante nesse acompanhamento psíquico é a fé. Não importa ao psicólogo saber qual a religião do paciente, mas sim o quanto ele acredita, pois ela pode ser uma aliada importante no tratamento.

Pra terminar, coloco aqui os 3 objetivos principais da consulta psico-oncológica:
1 - Falar sobre si mesmo, ainda que o médico não pergunte: é importante para o médico saber como o paciente está se sentindo, porque franqueza e confiança - de ambas as partes - facilitam a relação e o tratamento.

2 - Perguntar tudo o que desejar saber: deixando claro que não existem "perguntas idiotas", se há uma dúvida, ela tem um porquê de existir e é dever do profissional esclarecê-la. Não é bom só pesquisar informações pela internet ou dar ouvidos a conhecidos, que relatam casos que muitas vezes não tem nada a ver com o do indivíduo. Cada caso é um caso.

3 - Não sair do consultório com dúvidas: se o paciente não entender a linguagem técnica, ele deve perguntar.

31 de mai. de 2011

epifania humanista;

      "Poderá ser difícil comunicar a próxima descoberta que fiz. Consiste nisto: quanto mais aberto estou às realidades em mim e nos outros, menos me vejo procurando, a todo custo, remediar as coisas. Quanto mais tento ouvir-me e estar atento ao que experimento no meu íntimo, quanto mais procuro ampliar essa mesma atitude de escuta para os outros, maior respeito sinto pelos complexos processos da vida. É esta a razão porque me sinto cada vez menos inclinado a remediar as coisas a todo custo, a estabelecer objetivos, modelar as pessoas, manipulá-las e impeli-las no caminho que eu gostaria que seguissem. Sinto-me muito mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos. Tenho a nítida sensação de que este ponto de vista deve parecer muito estranho, quase oriental. Para que serve a vida se não tentarmos moldar os outros aos nossos objetivos? Para que serve a vida se não lhes ensinarmos aquelas coisas que nós pensamos que os outros deviam saber? Para que serve a vida se não os levarmos a agir e a sentir como nós agimos e sentimos? Como se pode conceber um ponto de vista assim tão inativo como o que estou propondo? Tenho certeza que atitudes como estas serão, em parte, a reação de muitos de vocês.   

 [...] É de fato paradoxal verificar que, na medida em que cada um de nós aceita ser ele mesmo, descobre não apenas que muda, mas que as pessoas com quem ele tem relações mudam igualmente."

Carl Rogers

because of the times;

1ª foto do acervo pessoal postada!

"emergindo do inferno diário
ouço batidas na porta
do grande desconhecido
eu descobri demais
chá, cafeína, estimulante
pra não perder a viagem;
os aromas, as palavras e o azul.
e sobre você
não haverá baú mais profundo
a ser descoberto
as lembranças são cornetas de caça
cujo ruído morre ao vento."

28 de mai. de 2011

Rebel Rebel;

"encontrei meu nirvana na rebeldia. em uma tarde simples, de sentimentos nus e adolescentes crus fumando seus cigarros. há união quando todos querem mudar o mundo (mesmo que tão localmente), arremessando ovos no inimigo, vendo-o atravessar as ruas, passando por nós. hoje eu sinto que achei o lugar certo para estar. não sinto o vazio e nem o pesar do passado. apenas sinto vontade de viver esse momento, tão fervorosamente e tão abertamente. hoje eu senti orgulho."
é verdade, todos nós temos nosso momento che guevara, mas não sabia que era assim tão satisfatório e positivo.

e agora, só há semelhança nas diferenças entre nós dois.

9 de mai. de 2011

Mississipi em Chamas - Mississipi Burning (1988)

                                          
Ainda tenho um tempinho antes de ir pra aula, então vou postar sobre o último filme que eu assisti (regência go to hell) nesse final de semana. Chama-se "Mississipi em Chamas". Eu já tinha ouvido falar nele várias vezes, já sabia sobre o que tratava, e agora surgiu a oportunidade de ver. E pra todos aqueles que torcem o nariz quando vêem que o filme já é meio antigo, go to hell! é tão ridículo julgar um filme pelo ano em que foi feito, óbvio que a "tecnologia" da época não era a mesma de hoje, mas enfim, o que realmente importa é a história que está sendo contada e os atores...coisa que não deixa a desejar nem um pouco nesse caso. Então, vamos à estória.

O filme fala sobre o verdadeiro desaparecimento de três garotos ativistas dos direitos civis - em 1964 -  um negro e dois judeus, que são descaradamente assassinados por membros da Klu-Klux-Klan (KKK), em uma cidadezinha no interior do Mississipi, chamada Jessup. No decorrer do filme, veremos a investigação fictícia feita pelo FBI, para resolver este caso.
Os dois agentes do FBI mandados para averiguar o caso, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), se deparam com uma cidade totalmente dominada pelos ideais da KKK. Racismo e segregação total em relação a qualquer um que não seja um exemplar americano cristão não-comunista. Como o líder do movimento mesmo diz (+ ou - assim): 

" - Não vamos deixar que esses homens do norte tentem transformar a nossa comunidade em réplicas da comunidade deles. comunidades onde negros fazem revoltas e não são punidos, como nas ruas do Harlem, de Oakland e Chicago! Eles odeiam o Mississipi, porque nós representamos um exemplo de segregação bem-sucedida [...] Esses policiais federais que vocês vêem aqui, violando nossos direitos civis, estão aprendendo que são inúteis, se cada um de nós, cristãos anglo-saxões, nos unirmos! "

Ou seja, é como se o Mississipi, e não só o Mississipi, como qualquer outro estado do sul dos EUA, fosse um país separado do resto; com leis e costumes próprios. Como o próprio prefeito da cidade diz:
 "- O fato é que, nós temos duas culturas por aqui: a cultura dos homens brancos, e a cultura dos homens de cor; sempre foi assim, e sempre será.
  - O resto da América não vê dessa forma, sr. prefeito.
  - O resto da América não importa. Você está no Mississipi agora. "


Assim, vemos inúmeras cenas brutais de ataques contra a população negra. Desde um garoto que foi torturado e morto por simplesmente ter falado com um dos agentes do FBI, até a destruição de casas e capelas e a agressão física, sem nenhum motivo aparente. Para nós, sem nenhum motivo aparente. Pois para a população branca de Jessup, não há nada mais correto a se fazer. É algo tão intrínseco à cultura, eles são ensinados a odiar dede cedo, e quando percebem, já estão imbuídos do ódio e acreditando fielmente naquilo que lhe ensinaram em casa e na escola. É claro que tudo isso tem um fundo religioso, os integrantes da KKK dizem que a segregação estava na bíblia, Gênesis: capítulo 9, versículo 27.
Depois de várias semanas de investigação, aparentemente pacífica; onde os agentes já têm a certeza de que foram os policiais-membros da KKK, que mataram os 3 rapazes, eles finalmente descobrem o paradeiro dos corpos. A delatora foi a esposa do delegado da cidade, a sra. Pell, o que acaba não se convertendo em algo bom pra ela. Enfim, após todo o procedimento policial, os funerais acontecem, e aí está, creio eu, a cena de maior impacto no filme. No funeral do rapaz negro, o padre discursa sobre o conflito racial, onde a maior prova deste é que os dois rapazes brancos não tiveram nem sequer um funeral conjunto com o do rapaz negro, portanto, não há como ele dizer que a família e a população negra sentem a mesma coisa que as famílias dos brancos.

É claro que houveram críticas ao filme, na medida em que ele mostra os dois agentes do FBI como heróis, que se opuseram à toda segregação e preconceito, quando na verdade, pelo que eu li, eles não interferiram em nada, mal protegeram os civis ameaçados da pequena cidade e, alegadamente, observaram pessoas sendo espancadas sem intervir. No entanto, o filme ganhou vários prêmios, incluindo um Oscar, na categoria de melhor fotografia. É um relato de uma situação muito séria, que realmente aconteceu, e serve de conscientização, para olharmos para o nosso passado e não deixar que isso aconteça novamente. Quanto ao sul dos EUA, que sempre teve mais fama de racista que o resto do país, creio que o preconceito tenha diminuído, obviamente, mas que ele ainda existe, é fato.

Aqui vai a cena do funeral e do discurso, como eu tinha dito:

                                      

" - Eles querem que eu diga: ' Não nos esqueçamos que dois garotos brancos também morreram tentando ajudar os negros.' Eles querem que eu diga: ' Nós lamentamos juntamente com as mães desses garotos brancos.' Mas o estado do Mississipi não permite sequer que esses garotos brancos sejam enterrados no mesmo cemitério que esse garoto negro.
   Eu digo: 'Eu não tenho mais amor para dar! Eu tenho apenas ódio em meu coração hoje, e eu quero que vocês sintam ódio comigo! Eu estou indignado e cansado, e eu quero que vocês se sintam indignados e cansados comigo! Eu estou indignado e cansado de ir a funerais de homens negros que foram mortos por homens brancos! E eu estou indignado com as pessoas desse país que continuam permitindo que essas coisas aconteçam! O que direito inalienável se você é um negro? O que significa tratamento igual perante a lei? O que significa liberdade e justiça para todos? Agora eu digo a essas pessoas: 'Olhem para o rosto desse jovem e vocês verão o rosto de um homem negro. Mas se vocês olharem para o sangue dele derramado, é vermelho! É igual ao de vocês! '"

            

26 de abr. de 2011

Walden - Henry Thoreau

"Pondo-nos a provas simplíssimas, poderíamos examinar nossas vidas. Suponhamos que o mesmo sol que madura meus feijões, ilumina ao mesmo tempo sistemas planetários semelhantes ao nosso. Se tivesse me lembrado disso, teria evitado alguns erros. Não foi a essa luz que cultivei os feijões. As estrelas são ápices de maravilhosos triângulos! Que seres distantes e distintos não estarão nas várias mansões do universo, neste exato instante, contemplando a mesma estrela! A natureza e a vida humana são tão variadas como nossas numerosas constituições. Quem dirá o que a vida reserva a cada um? Haveria milagre maior do que sermos capazes de enxergar com os olhos de outrem, por um segundo que fosse? Numa hora, viveríamos em todas as idades do mundo, em todos os mundos das idades. História, Poesia, Mitologia! — Nenhuma leitura baseada em experiência alheia seria tão surpreendente e esclarecedora como essa."

25 de abr. de 2011

um dia você aprende...

...que em noites estreladas não tem chuva; que os bons velhos tempos só são bons porque já se foram; que mais cedo ou mais tarde na vida, as coisas que você ama você perde.


2 de abr. de 2011

tangerine collie and the infinite sadness;

"de volta a uma fase intermediária. mudanças físicas, e o  sono nunca foi tão bem-vindo como agora.

sono ou qualquer passatempo que proporcione o esquecimento. eu sei que não vai dar pra prolongar isso por muito tempo..eu sei que o mundo não gira ao redor disso. mas tem dias que é foda.

tem dias em que tudo parece um plano de conspiração suprema, onde tudo te faz lembrar dos dias que não podem voltar - o que dói é a violência com que tudo foi arrancado.. - qualquer cena que tu presencie na rua, qualquer música que tu ouça, tudo força as lembranças a virem até a superfície.

tem dias em que a voz do scott weilland é veneno. e tu sente uma vontade imensa de acreditar que é só uma fantasia de mau gosto; acredita piamente na força do acaso, que do nada, tudo vai simplesmente se resolver. é muito ingênuo, patético até.

não sobra nada pra contar a história, lá dentro. é uma civilização inteira implodida, após cuidadosas obras e inaugurações. é, eu gosto de metáforas."

20 de mar. de 2011

a secreta epifania da mudança;

sem hinos de libertação, ou honras de revolução. apenas realidade, crua e podre.
dançando a valsa da fugacidade dos dias, sangrando poesia.
de um modo ou de outro, dê-me o benefício da dúvida, e das metáforas orgásmicas.

acho que eu gosto mesmo é de divagar...sobre histórias velhas e aconchegantes, lembranças com cheiro de chá doce.

(impressão minha ou tudo rimou? ¬¬'' nao era a intenção)

21 de fev. de 2011

Lembranças - Remember Me

 bom, vou começar falando sobre  "lembranças", porque, além de ser um filme bem recente, me surpreendeu muito...
como a maioria das pessoas (creio que a maioria pense assim), achei que o sr. Robert Pattinson não teria capacidade de mostrar algo mais além do rostinho bonito, achei que seria mais um romancezinho sem graça. mas, felizmente, eu estava errada. eu o subestimei. o filme se mostrou bem interessante e com várias cenas marcantes.

roteiro:  a primeira cena é em um metrô de NY, em 1991, onde a mãe de Ally (Emilie De Ravin) é assassinada, estando ela presente. nos transportamos para 10 anos depois, em 2001. onde conhecemos o personagem de Pattinson; Taylor Hawkins, um típico adolescente problemático. devastado pela perda do irmão Michael, do qual era bem próximo e tem problemas com o pai (Pierce Brosnan), um empresário que não tem tido muito tempo para a família.
Família essa, que tem um histórico meio trágico. o filho mais velho, Michael, cometeu suicídio há alguns anos, Taylor, perdido entre as memórias do passado e a indecisão sobre o futuro, e Caroline (Ruby Jerins), que é o geniozinho da família, ela faz desenhos incríveis e tá sempre no mundo da lua, é por essas e por outras que é vítima de bullying na escola.
Na saída de uma festa, Taylor e o fiel escudeiro Aidan (Tate Ellington), se envolvem em uma briga, que é apartada pelo detetive Neil (Chris Cooper), Taylor acaba discutindo com o policial e vai parar numa cela de prisão, com seu belo rosto coberto por hematomas. Seu pai paga a fiança e no outro dia, por coincidência, Aidan descobre que o detetive tem uma filha, que é Ally. Ele convence Taylor a chamá-la para sair ou qualquer outra coisa, para se vingar do porco.
Aí se segue aquela história que todo mundo já conhece: os planos maléficos vingativos de Taylor acabam sendo atrapalhados por um romance inesperado. Mas quando o pai dela descobre quem é o novo pretendente, decide ir conversar com ele e tirar satisfação. Taylor acaba contando para Ally qual foi o verdadeiro motivo dele ter se interessado nela, mesmo dizendo que realmene gosta dela, ela decide ir embora.
Passa-se um desagradável hiato entre os dois. Nesse meio tempo, tem um acontecimento que eu achei bem interessante: em uma inocente festinha de aniversário, as "coleguinhas" de Caroline cortam o cabelo dela, exemplificando mais um episódio de bullying. No dia seguinte, quem a leva na escola é o próprio Taylor, decidido a proteger a irmã de qualquer outro ataque. quando uma coleguinha bully comenta que "o novo corte de cabelo ficou lindo nela", o irmão fica indignado e joga um extintor pela janela da sala de aula. (acho que é uma das minhas cenas favoritas).
Fim do hiato. Com as dificuldades surgidas por causa do acontecimento com Carol, a família toda parece se unir, finalmente, e Ally também resolve esquecer o que aconteceu e recomeçar com Taylor. certo dia, para a surpresa de todos, Charles aparece de surpresa para levar a filha à escola. Nesse mesmo dia, aconteceria uma reunião de advogados para tratar do episódio de depredação escolar, Taylor compareceu à reunião. Na sala de aula, vemos a data: 11 de setembro de 2001. Algo que ninguém estava esperando, literalmente.

A próxima cena mostra a reação de todos à morte de Tyler; o amigo Aidan tatuou o nome dele no braço e continua se esforçando na faculdade, Charles e Caroline desenvolvem uma relação pai-filha, e Ally consegue voltar a andar de metrô.
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É, analisando melhor, a história tem vários cliches e velhos estereótipos, mas mesmo assim gostei, por algumas (várias) cenas interessantes e pelo final inesperado, não sou muito de finais felizes.
Vale destacar também uma frase de Gandhi dita por Tayler, que caracteriza o filme todo: "Tudo o que você fizer na vida será insignificante, mas é importante que você faça"

11 de jan. de 2011

to them, you're just a freak...like me
be the agent of your life, the agent of chaos.