28 de jan. de 2010

black.

Folhas de pintura vazias

Peças intocadas de argila
Foram dispostas diante de mim
Como o corpo dela um dia esteve

Todos os cinco horizontes
girando ao redor de sua alma
Como a Terra ao redor do Sol,

Agora o ar que eu provei e respirei
Mudou de rumo
E tudo o que eu ensinei a ela... foi tudo
Eu sei que ela me deu tudo o que podia...
E agora minhas amargas mãos
Tremem abaixo das nuvens
Do que um dia foi tudo...

As imagens foram
todas banhadas em preto,
Tatuando tudo...(marcando para sempre).

Eu saio pra andar por aí
Sou cercado por algumas crianças brincando
Eu posso sentir suas risadas, Então porque eu desanimo?...

E pensamentos confusos giram ao redor de minha cabeça
Estou girando, oh, estou girando
Quão rápido o sol pode, cair...

E agora minhas amargas mãos embalam vidros despedaçados
Do que um dia foi tudo...
Todas as imagens foram banhadas em preto,
Tatuando tudo...

Todo o amor tornou-se mal
Transformou meu mundo em escuridão
Tatuando tudo que vejo...tudo o que sou
Tudo o que sempre serei...

Eu sei que algum dia você terá uma linda vida,
Eu sei que você será uma estrela,
No céu de um outro alguém,
Mas porque, porque...
...Por que não pode ser, por que não pode ser minha?

a música mais linda. *.*

22 de jan. de 2010

teses neo decadentes.

por acaso, ouvi certa declaração hoje: "não preciso de filmes nem nada pra criar meus conceitos e opiniões, eu crio eles sozinho". E tanto quanto indignada, fiquei pensativa também...isso foi dito por uma pessoa que provavelmente nunca lerá este obscuro texto, pois não vê muito sentido em leituras do tipo.

sempre me disseram e ouvi falar que, quem está em constante mudança de opinião é realmente sábio, e concordo. quantas circunstâncias, fatos, acasos e coincidências podem modificar totalmente nossa perspectiva de tudo? é quase inacreditável como somos volúveis e adaptáveis ao meio em que vivemos, por mais que não pareça. No entanto, sempre tive uma admiração secreta por quem é "cabeça-dura", o famoso "tenho minhas opiniões gravadas em pedra", mas não porque eu achasse isso mais certo, e sim pela firmeza e força de vontade de sustentar as mesmas velhas convicções de sempre...

o fato é que, o que eu venho defender aqui é que, às vezes, um filme ou um livro ou qualquer outra influência externa podem ser bastante válidos, tanto para modificar uma crença como para nos certificar de que aquilo está certo. e eu que o diga.

mesmo não concordando plenamente com a filosofia de tyler durden, digo (de novo), somos todos a mesma merda ambulante do mundo.

18 de jan. de 2010

putting holes in happiness

é possível que uma alma seja naturalmente tristonha? "quando se é triste..." gerada e concebida sob o signo da melancolia. sorumbática, soturna, obscura.

ou isso é apenas a condição normal de qualquer indivíduo? ao se sentar quieto, em um lugar quieto, sentir suas feridas suavemente se abrindo, pouco a pouco. membro por membro, dente por dente, ele vai se desintegrando. sendo a causa de tudo isso inteiramente desconhecida. sabemos que cicatrizes, elas existem, mas por quanto tempo sobrevivem?...o quão relativas são? o quão imensas elas podem chegar a ser? e o principal, quanto tempo nos resta até que elas se rompam e sangrem e machuquem novamente?

when the pain becomes world-sized.

6 de jan. de 2010

Enquanto Agonizo - William Faulkner.

um trecho;


"Dewey Dell se levanta, equilibrando-se com dificuldade. Olha para o rosto. Parece um molde de bronze pálido sobre o travesseiro, só as mãos ainda têm algum sinal de vida: uma inércia crispada, retorcida; um aspecto exaurido, mas ainda vigilante do qual o cansaço, o esgotamento, o trabalho árduo ainda não desapareceram, como se ainda duvidassem da realidade do descanso, aguardando em agudo e penurioso alerta o término do que sabem que não podem durar."

"Posso me lembrar de como quando era jovem eu acreditava que a morte era um fenômeno do corpo; agora sei que é apenas uma função da mente - e da mente daqueles que sofrem a perda de alguém. Os niilistas dizem que é o fim; os fundamentalistas, o começo; quando na realidade não é mais nada do que um simples inquilino ou uma família deixando uma casa ou uma cidade."

O livro conta a história de uma família pobre do sul dos Estados Unidos, que se reune para realizar o último desejo da matriarca; ser enterrada em sua terra natal.
Não faz muito que comecei, mas desde o início do livro são só parágrafos assim, todos cheios de metáforas e assuntos existenciais. belo, acima de tudo.

5 de jan. de 2010

thought.

"sempre fui do tipo que não acabava aquilo que começava. tomo por exemplo minha distante infãncia, onde costumava construir impérios e levantar civilizações, sem jamais movimentá-las. apenas as montava, e lá as deixava à mercê do tempo e da poeira. talvez me parecesse que a vida estática que levavam meus brinquedos era mais interessante do que a vida de verdade..."

4 de jan. de 2010

metamorphosis

após terminar a leitura de "a metamorfose", de kafka, é quase impossível não chegar à conclusão de que estamos totalmente sozinhos.

diga o que quiser, faça as análises psicológicas que quiser. o fato é que, essa estória nos remete à individualidade e ao isolamento. o máximo que alguém é capaz de aguentar.
é fato que, por ter se tornado um inseto, gregor samsa, com o tempo, deixou de ser um membro da família. mas, talvez ele nunca tenha sido um membro importante de verdade ali. O pai e a irmã tavez somente dessem valor à sua função ali, que era sustentar a casa e cuidar de toda a base econômica.
e ele, antes de começar a pagar todas as contas, era um rapaz totalmente oprimido pela figura do pai, que se mostra sempre poderoso, inflexível e invencível nas obras de kafka.
lendo a seguir "O veredicto", se tem uma visão ainda mais aprofundada da dinâmica de gregor (o jovem, georg bendemann também é de certa forma subjugado e humilhado pelo pai).
achei interessante que, na edição comentada de a metamorfose, há uma nota sobre a cena em que o pai de gregor começa a atacá-lo jogando maçãs nele. e uma delas o acerta em cheio nas costas (no dorso...) e infecciona. há quem diga que aquela maçã tenha o mesmo significado que tem na bíblia: o pecado original, no caso de gregor, o pecado de propriamente existir.

ambas histórias são extremamentes intimistas e auto-biográficas. e ambas muito deprimentes também.

"o instante do despertar é o instante mais perigoso do dia."

1 de jan. de 2010

the heart beats in its cage.

acho que as pessoas precisam disso. essa nova tentativa. elas precisam dessa chance de fazer tudo diferente, ou fazer a mesma coisa de novo.
se os anos passassem continuamente, sem meio nem fim, talvez nós seríamos mais preguiçosos e pessimistas. assim como é, nós podemos dizer; "no ano que vem tudo vai mudar" nós podemos criar expectativas e ilusões. e ilusões são boas enquanto elas alimentam nossa alma.