24 de set. de 2011

Tirando o pó do meu mini acervo de palavras.

precisava vir aqui e postar alguns escritos que eu tinha guardados há algum tempo.

Os ventos do norte não movem moinhos;

Será que você ainda se lembra daquele poema que te escrevi? tinha um título em francês, e muitos versos sem métrica nem rima, mas ele era o que mais havia de verdadeiro dentro de alguém como eu, com os meus recursos, na época. tudo o que eu queria era te consolar, dizer que, por mais que tudo parecesse pesado e sem sentido, ainda havia um bom motivo pra sorrir despreocupadamente e dormir um sono leve. não sei se as palavras te alcançaram dentro do seu casulo de lágrimas, mas para mim foi um bem maior. pela primeira vez na vida senti que havia realizado alguma coisa, chegado até o fim. não importava se o meu pequeno poema de retalhos estivesse manco, não soasse belo quando alguém o lesse ou não satisfizesse as regras crueis da literatura culta. nao. porque ele era meu, e era palpável. ao terminar, senti-me como um pintor barroco, admirando a sua obra-prima. simplesmente maravilhado. é incrível o que sentimos quando criamos algo..dê uma olhada em volta, as pessoas estão a todo o momento morrendo de soberba, bêbados de vaidade. sobre suas criações, seus filhos, seus feitos, suas vidas, seus mortos, seus caminhos tortos. e assim nós vamos seguindo, dependentes do que criamos, e ao mesmo tempo solitários.

Free-Thinking/Falling

os ultimos tempos tem sido bastante surpreendentes e reveladores ao mesmo tempo..tenho aprendido muito mais do que eu jamais aprendi na escola ou em livros didáticos. é o pensamento livre. free-thinking. tu não pode saber se está certo ou totalmente errado, apenas sente e deixa aquele sentimento florescer e fluir por entre tecidos e conexões nervosas. não há nada mais libertador (apesar da liberdade ser um ideal utópico) do que filosofar sem rumo. sem regras ou burocracias, apenas deixar a mente viajar (livre de estimulantes artificiais).

Consequência ou não desses tempos surpreendentes e reveladores, o que me perturba muito é ter entrado em um estado de mente (e espírito) de ansiedade total. O sentimento de querer aprender, ensinar, fazer TUDO ao mesmo tempo. É tanta informação, e eu ainda tento me comprometer com a missão impossível de fazer tudo entrar dentro da minha cabeça. Eu sinto que são tantos livros, filmes, revistas, músicas, enfim..tanta informação valiosa! que pode, de alguma forma, me fazer crescer e continuar nessa constante metamorfose..que é tudo o que eu quero da vida. Mas..como eu sou uma pobre humana ridícula e limitada que só usa 10% do seu cérebro animal, é óbvio que eu não consigo fazer tudo ao mesmo tempo, apenas acabo fazendo tudo pela metade, ou pior, não fazendo nada. É tão angustiante ter todos esses livros lidos pela metade na minha estante, intermináveis pastas de álbuns de bandas no meu desktop..eu preciso de paciência e calma.

anxiety kills;

afinal o ideal seria se não sentíssemos absolutamente nada. de que vale toda a excitação e toda a alegria se depois teremos que pagar em tristeza com a mesma intensidade? seres amorfos com interiores mecânicos não carregam o fardo da dor nem o sufoco das lágrimas. e justamente por serem desprovidos de uma alma, eles não teriam questionamentos sobre isso, nem sobre nada. uma folha caindo de uma árvore no outono não provocaria neles a mais complexa reflexão metafísica sobre o mundo. ele não viajaria eternamente por entre os pensamentos, que levam seu espírito para longe do universo físico. seria uma existência completamente desprovida de emoções, mas, ao menos, sem dor.

things could be simple. just like this sentence.

todo movimento precisa de repouso;

Esse livro do Paulo Coelho (As Valkírias) veio em boa hora. sabe, to precisando mesmo é extrapolar a minha segunda mente, ter aquele momento 'epifania no deserto'. olhar para o horizonte e deixar o Universo me guiar. No melhor estilo sociedade alternativa. toda essa baboseira mistica sempre me chamou muito à atenção, demais até. amuletos, astrologia, incensos, sonhos, além-vida. creio que não só pra mim, como pra todos os que acreditam, é um artifício que tenta engrandecer nossa pobre mortalidade, tenta provar que somos maiores do que o mundo corpóreo; afinal, encarar a verdade não é para qualquer um.

abrace o clichê: let it be!

Por que dar nome à tudo? às vezes é bom viver algo que não se encaixa nos padrões, algo que fuja um pouco do peso do compromisso. o compromisso esmaga, sufoca e acelera o processo (inevitável) de desgaste.

Venho me perguntando há algum tempo, sobre aquela velha questão que envolve nossas escolhas: determinismo ou livre-arbítrio? parece que em todas as teorias científicas, todas as escolas psicológicas, o homem é apenas um reles coadjuvante no cenário de sua própria vida. a única parte que muda de acordo com a teoria é o contexto; para a psicanálise somos seres dominados por nosso inconsciente e determinados psiquicamente por acontecimentos e escolhas passadas; para o behaviorismo, somos apenas o comportamento observável, determinados mecanicamente pelo sistema estímulo-resposta; para a genética, somos meras marionetes movidas pelo desejo inato de propagar nossos genes egoístas; para os hindus, a mente não pode ser livre por estar vinculada à lei do karma.

Creio que apenas a religião católica (incluindo suas variantes) e a fenomenologia escapam à regra. são as únicas 'teorias' em que o ser humano aparece como verdadeiro senhor de seu destino, de suas escolhas. Jean Paul Sartre no existencialismo fala sobre a "maldição do livre-arbítrio", o homem estaria condenado a ser livre no mundo para todo o sempre,l carregando o peso de suas próprias decisões.

Assim, não sei se estou apenas seguindo a tendência predominante, mas acho que já formei minha opinião sobre o assunto. acredito em determinismo psíquico, cultural, social, seja lá qual tipo for. creio que tudo acontece por um motivo, não existem coincidências felizes ou acasos fortuitos. é claro que, nem sempre a mão do 'destino' se faz transparente; às vezes não conseguimos entender porque tal coisa nos aconteceu em determinado espaço e tempo de nossas vidas; às vezes tudo parece uma conspiração grandiosa planejada para nos desviar do caminho que pretendiamos trilhar. como diria Romeu: "sou joguete do destino [...]".