28 de ago. de 2011

mais um sobre felicidade;

Imagem: deviantart
existe um ideal kitsch dentro de cada um de nós. são pequenos fragmentos de cenas, de memórias idealizadas que estão veladas sob a lápide mais profunda de nossas almas. quadros pitorescos que nos fariam chorar de nostalgia, de carência, porque a realidade aqui fora é tão diferente do mundo paralelo que construímos, porque, no fundo, sabemos que esse momento de perfeição abstrata nunca acontecerá de verdade.

nossa vida transcorre dentro de uma linha reta, mais ou menos uniforme em relação aos sentimentos de perda e alegria. isso me lembra o fato de que nunca seremos plenamente felizes, nenhum de nós. pelo simples fato de que nunca estaremos totalmente satisfeitos e completos. o pôr do sol e as belas melodias eventualmente nos parecerão repetitivos e sem sentido. a nossa felicidade também é vítima do ciclo inexorável da vida; início, meio e derradeira hora. e por sermos extremamente maleáveis e adaptáveis a qualquer situação nova e até mesmo adversa, nunca vamos poder dizer: "tudo bem, encontrei minha verdadeira essência, estou totalmente satisfeito com todas as coisas que possuo agora, com todas as pessoas que são uma parte da minha vida", porque sempre haverá uma lacuna a ser preenchida.

se algo como a felicidade existe, ela não pode ser quantificada ou medida, é apenas um estado mental passageiro e levemente viciante. a felicidade me parecer ser como o El Dorado, a terra perdida. passaremos a vida inteira tentando encontrá-la, e os únicos vestígios que temos dela são relatos de lendas milenares e a leve impressão de que já estivemos lá, em algum dia de verão passado. é a arquitetura sob a qual todos nós construímos nossas vidas, algo válido para se buscar durante a existência, a eternidade, talvez.

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