21 de nov. de 2008

Aquele Que Passa

O desconhecido que passa

e te acha ainda digna de uma fugidia palavra de desejo,
Talvez porque na sombra da noite tão doce de Maio
Ainda resplendem teus olhos,
ainda tem vinte anos a ligeira figura deslizante,
Não sabe que foste amada, por aquele que amaste amada,
em plena e soberba delícia de amor,
E em ti não há membro nem ponta de carne ou átomo de alma
que não tenha uma marca de amor.

Que tu viveste apenas para amar aquele que te amava,
E nem que quisesses
podias arrancar de ti essa veste que o amor teceu.
Ele, ignaro,
em ti já não bela, em ti já não jovem,
saúda a graça do deus:
Respira, passando,
em ti já não bela, em ti já não jovem,
o aroma precioso do deus:

Só porque o levas contigo,
doce relíquia à sombra de um sacrário.

Ada Negri