24 de mai. de 2008

On A Fait Le Monde Ainsi...

Conjeturando sobre o que escrever e até mesmo sobre a própria vacuidade de pensamentos, cheguei a conclusão de que o melhor sempre é improvisar...


Supostamente devemos interrogar o espectro dentro de nós...o que andas fazendo? em quais dimensões estás perdido hoje? por quais almas te apaixonaste ultimamente?

E a verdade é que, sempre algo útil acaba se revelando...Mas que otimismo descarado...

Nada mais flui pelas redondezas, a não ser canções de um outro tempo, que falam sobre casas sombrias...cicatrizes eternas...e a infernal mentira que é o amor...

Aliás, por falar em amor...

Apenas uma tarde passada dentro de um quarto alugado simplesmente arruina toda e qualquer imagem que o amor se esforçou tanto em preservar por todos esses anos...

Entendo as exceções, a instabilidade do sangue novo...as pulsações proeminentes...mas, seja do jeito que for, (e foi) aquilo foi vulgar...no mínimo medíocre se deixar esvair, a própria essência, por entre mãos vis e ordinárias...Mas não há como dizê-lo...atreve-se a desfolhar-lhe o mais terno sonho de verão?

É incrível como todas as portas e portões divinos se fecham quando tentas escrever...o quão entendiante será isso?

Nós fizemos o mundo assim...

"Non, non, il n'est point d'âme un peu bien située,
Qui veuille d'une estime ainsi prostituée"

- Jean Molière -

(Não, não, não existe alma bem situada,
Que queira uma estima assim prostituída)

Tr'ra, love...

14 de mai. de 2008

Leaves Of Grass

"O me, O life...of the questions of these recurring
Of the endless trains of the faithless
Of cities fill'd with the foolish [...]
What good amid these...O me, O life?

Answer...
That you are here—that life exists, and identity;
That the powerful play goes on, and you will contribute a verse..."


(W. Whitman)

9 de mai. de 2008

Je t'aime, Blandine

É, no mínimo vulgar, desmerecer os atributos de uma alma nobre...


Estupefatos a mirar teus olhos viçosos;
És mais do que uma simples alma de quimeras que,
Jovem; não vê suas próprias correntes e, tenta partir, em vão...

Vieste revestida por dolentes anjos;
Nada de sublime se via em ti;
Apenas não percebiam como eras uma flor mimosa;
Florescendo entre os raminhos

Tez altiva, vais bordando as palavras;
Tira-as de teu coração;
E as costura em panos de dor
Amargo fel natural de criaturas mundanas;

És uma poesia de glória
És gesto de louvor
O que seria feita desta voz enferma?
Quando perto da tua, soa como um eco solitário e distante...

Inefável ninho de doçura
Oração fervorosa dos crentes
És o próprio espelho onde;
Saudade e amor se encontram aprisionados

É desesperador ver-te fragilizada por falsas almas
Quando derrama sobre todas estas fraudes
A graça mais superior...O suspiro mais cósmico...
És apenas pequena demais para ver
A pura arte que carrega em teu santo regaço

És fonte profunda, onde os sentimentos vão...
Se depositam por entre espaços dolorosos e permanecem
Até derramares rústicas lágrimas;
Que te encerram o âmago em ermos calabouços
Onde só habitam seres baldios e ocos...

Não há, no mundo, símbolos que expressem,
toda a dádiva graciosa que expiras,
papéis vulgares não dirão quem tu és

Então, apenas espere...
Pois, digo-te, tua alma há de florescer sempre mais
É uma poesia eterna que eleva
Rudes almas...
Tens o mundo em teu bolso e não o contrário, como pensas...
Dorme...

Je t'aime, Blandine...

4 de mai. de 2008

Panta Rhei

Se ele já me despontou? Não há como saber...Mas, deveria haver algum pensamento que enchesse de plenitude a ego-vacuidade do ser...Uma máxima que não fosse contestada...


É claro que, há todas as almas modernas que resolvem interferir e acabam dizendo: "...Ele não lhe deve nada...por que deveria ele estar receioso de lhe desapontar? A vida e brios não pertencem a ninguém senão ao próprio..."

Outras, cedendo ao toque místico professam: "...Devo, deveras, aceitar minha natureza possessiva e áspera e, lhe digo, não lhe dê muito espaço para que se sinta livre e aberto à toda a imensidão de almas alheias...Deves cercá-lo de mimos e amores para que não fuja e, desobedecendo aos aforismos de parábolas medíocres, prenda-o ao mais fundo poço intrínseco de sua alma...digo-lhe que não há de querer passar por tal escuridão em troca de liberdade descuidada..."

E eu, de alma simplória e nada geniosa, tendo a simplesmente sentar, sob as sombras inefáveis do amor, dono de forças nada menos inefáveis, com o dom da absolvição...o perdão humano...almas deitadas ao leito da morte, são perdoadas na amarga terra que envenenaram...

Sinto-me no papel de ignorar o apático futuro...e reviver...os dias de uma luz tão mansa...
[Do passado vivem folhas errôneas, almas de jovens velhos que bebem ainda da nostalgia néscia...]

Contrariando a vertigem delireante de poetas e amantes, digo que, o passado sempre vem e o futuro é apenas uma criatura mesquinha e velhaca, que, sem demasiada mesura, nos assassina a alegria cristalina e o viço da mocidade...Ah, dias mimosos de imprudência...tardes claras de melodias bruxuleantes...voltem à esta criança, que envelheceu de repente...

E...sim, já me desapontou...