9 de mai. de 2011

Mississipi em Chamas - Mississipi Burning (1988)

                                          
Ainda tenho um tempinho antes de ir pra aula, então vou postar sobre o último filme que eu assisti (regência go to hell) nesse final de semana. Chama-se "Mississipi em Chamas". Eu já tinha ouvido falar nele várias vezes, já sabia sobre o que tratava, e agora surgiu a oportunidade de ver. E pra todos aqueles que torcem o nariz quando vêem que o filme já é meio antigo, go to hell! é tão ridículo julgar um filme pelo ano em que foi feito, óbvio que a "tecnologia" da época não era a mesma de hoje, mas enfim, o que realmente importa é a história que está sendo contada e os atores...coisa que não deixa a desejar nem um pouco nesse caso. Então, vamos à estória.

O filme fala sobre o verdadeiro desaparecimento de três garotos ativistas dos direitos civis - em 1964 -  um negro e dois judeus, que são descaradamente assassinados por membros da Klu-Klux-Klan (KKK), em uma cidadezinha no interior do Mississipi, chamada Jessup. No decorrer do filme, veremos a investigação fictícia feita pelo FBI, para resolver este caso.
Os dois agentes do FBI mandados para averiguar o caso, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), se deparam com uma cidade totalmente dominada pelos ideais da KKK. Racismo e segregação total em relação a qualquer um que não seja um exemplar americano cristão não-comunista. Como o líder do movimento mesmo diz (+ ou - assim): 

" - Não vamos deixar que esses homens do norte tentem transformar a nossa comunidade em réplicas da comunidade deles. comunidades onde negros fazem revoltas e não são punidos, como nas ruas do Harlem, de Oakland e Chicago! Eles odeiam o Mississipi, porque nós representamos um exemplo de segregação bem-sucedida [...] Esses policiais federais que vocês vêem aqui, violando nossos direitos civis, estão aprendendo que são inúteis, se cada um de nós, cristãos anglo-saxões, nos unirmos! "

Ou seja, é como se o Mississipi, e não só o Mississipi, como qualquer outro estado do sul dos EUA, fosse um país separado do resto; com leis e costumes próprios. Como o próprio prefeito da cidade diz:
 "- O fato é que, nós temos duas culturas por aqui: a cultura dos homens brancos, e a cultura dos homens de cor; sempre foi assim, e sempre será.
  - O resto da América não vê dessa forma, sr. prefeito.
  - O resto da América não importa. Você está no Mississipi agora. "


Assim, vemos inúmeras cenas brutais de ataques contra a população negra. Desde um garoto que foi torturado e morto por simplesmente ter falado com um dos agentes do FBI, até a destruição de casas e capelas e a agressão física, sem nenhum motivo aparente. Para nós, sem nenhum motivo aparente. Pois para a população branca de Jessup, não há nada mais correto a se fazer. É algo tão intrínseco à cultura, eles são ensinados a odiar dede cedo, e quando percebem, já estão imbuídos do ódio e acreditando fielmente naquilo que lhe ensinaram em casa e na escola. É claro que tudo isso tem um fundo religioso, os integrantes da KKK dizem que a segregação estava na bíblia, Gênesis: capítulo 9, versículo 27.
Depois de várias semanas de investigação, aparentemente pacífica; onde os agentes já têm a certeza de que foram os policiais-membros da KKK, que mataram os 3 rapazes, eles finalmente descobrem o paradeiro dos corpos. A delatora foi a esposa do delegado da cidade, a sra. Pell, o que acaba não se convertendo em algo bom pra ela. Enfim, após todo o procedimento policial, os funerais acontecem, e aí está, creio eu, a cena de maior impacto no filme. No funeral do rapaz negro, o padre discursa sobre o conflito racial, onde a maior prova deste é que os dois rapazes brancos não tiveram nem sequer um funeral conjunto com o do rapaz negro, portanto, não há como ele dizer que a família e a população negra sentem a mesma coisa que as famílias dos brancos.

É claro que houveram críticas ao filme, na medida em que ele mostra os dois agentes do FBI como heróis, que se opuseram à toda segregação e preconceito, quando na verdade, pelo que eu li, eles não interferiram em nada, mal protegeram os civis ameaçados da pequena cidade e, alegadamente, observaram pessoas sendo espancadas sem intervir. No entanto, o filme ganhou vários prêmios, incluindo um Oscar, na categoria de melhor fotografia. É um relato de uma situação muito séria, que realmente aconteceu, e serve de conscientização, para olharmos para o nosso passado e não deixar que isso aconteça novamente. Quanto ao sul dos EUA, que sempre teve mais fama de racista que o resto do país, creio que o preconceito tenha diminuído, obviamente, mas que ele ainda existe, é fato.

Aqui vai a cena do funeral e do discurso, como eu tinha dito:

                                      

" - Eles querem que eu diga: ' Não nos esqueçamos que dois garotos brancos também morreram tentando ajudar os negros.' Eles querem que eu diga: ' Nós lamentamos juntamente com as mães desses garotos brancos.' Mas o estado do Mississipi não permite sequer que esses garotos brancos sejam enterrados no mesmo cemitério que esse garoto negro.
   Eu digo: 'Eu não tenho mais amor para dar! Eu tenho apenas ódio em meu coração hoje, e eu quero que vocês sintam ódio comigo! Eu estou indignado e cansado, e eu quero que vocês se sintam indignados e cansados comigo! Eu estou indignado e cansado de ir a funerais de homens negros que foram mortos por homens brancos! E eu estou indignado com as pessoas desse país que continuam permitindo que essas coisas aconteçam! O que direito inalienável se você é um negro? O que significa tratamento igual perante a lei? O que significa liberdade e justiça para todos? Agora eu digo a essas pessoas: 'Olhem para o rosto desse jovem e vocês verão o rosto de um homem negro. Mas se vocês olharem para o sangue dele derramado, é vermelho! É igual ao de vocês! '"

            

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