29 de dez. de 2012

Looking for Alaska

"Shhhh", she said. "I'm sleeping".
Just like that. From a hundred miles an hour to sleep in a nanosecond. I wanted so badly to lie down next to her on the couch, to wrap my arms around her and sleep. Not fuck, like in those movies. Not even have sex. Just sleep together, in the most innocent sense of the phrase. But I lacked the courage and she had a boyfriend and I was gawky and she was gorgeous and I was hopelessly boring and she was endlessly fascinating. So I walked back to my room and collapsed on the bottom bunk, thinking that if people were rain, I was drizzle and she was a hurricane.
John Green.

22 de out. de 2012

if you can believe your eyes and ears..

Difícil mesmo é encarar o gritante fato de que a nostálgica infância há muito tempo se foi e agora você é alguém maduro; alguém cujas atitudes esperam-se que sejam razoáveis e firmes..isto é, alguém que precisa dar à sociedade bem mais do que é capaz de dar, mantendo-se em dívida pendente todos os dias. o homem endividado toma conta de nossas vidas, assume o controle de nossos sonhos e idealizações, nos assusta em pesadelos com a sua voracidade e ansiedade irrefreáveis. Ser o melhor, em tudo. Chegar a tempo, ser o primeiro, ser sortudo, pegar o melhor lugar, ser o mais eloquente, o mais saudável, o mais normal, o mais enquadrado. Não há necessidade de dizer que quem não segue à risca estes regulamentos ou quem não dá a importância devida, será prontamente segregado, sem prévio aviso nem previsão de retorno.

E eu pergunto: onde ficam os modestos, os introvertidos, os "na sua" nesse cenário? simplesmente não há lugar para discrição..as pessoas querem te ver despido de qualquer pudor social, querem o seu coração e as suas tripas expostas pra que possam examiná-las e julgá-las conforme leis pré-estabelecidas. ao invés de pensar, temos que produzir. não se pode mais permanecer em silêncio sem que te julguem como desprovido de opinião, precisa-se gritar a plenos pulmões cada pensamento que lateja sem cessar.

De onde vem esse desejo insaciável por emoções genuínas? esse culto à exposição, à constante transformação do dia-a-dia em um desses reality shows cheios de sentimentos baratos e mentes fúteis?! será que, de novo, vamos colocar a culpa no impiedoso "sistema" que nos aprisiona, no capitalismo selvagem que tomas os corações alheios transformando-os em máquinas de última ponta ? talvez. mas nesse caso, o problema vai mais além. Creio que o motivo disso tudo seja o verdadeiro empobrecimento do interior de cada um de nós. Como não temos mais espaço, nem permissão para termos nossos próprios sentimentos, independentes de coerções externas, acabamos procurando-os em subjetividades alheias, que nos proporcionem o prazer prostituído das sensações.

O filme "O Show de Truman" ilustra muito bem essa situação..mostra como seres humanos podem chegar ao extremo da antiética e explorar inescrupulosamente toda a existênca de uma pessoa. Tudo por uma busca frenética por sentimentos verdadeiros, algo que certamente estava se perdendo em suas próprias vidas.

Um Retrato





como poderíamos, por um momento, pensar que nossa situação tem saída? em um planeta superpovoado e superinfectado como o nosso, os seres humanos são diariamente devorados por seus fantasmas e delírios interiores..não há tempo sobrando para se preocupar com a dor alheia! como ainda se pode crer na transformação do futuro? quando os principais agentes transformadores do pensamento (nem que seja do seu próprio), os psicólogos, se entregam sem pensar aos seus próprios preconceitos mistificados em crenças petrificadas?! não há mais nada que possa mudar a mentalidade pós moderna, nada que desvie a atenção do homem do gosto de sua própria carne..Narciso deixou mais herdeiros do que poderíamos dar conta. Wilde soube mostrar isto muito bem, e nossos destinos que se desdobram, cada vez mais individualistas apenas reforçam o fato: somos genuinamente e deliberadamente egoístas em nossos atos de cada dia, até mesmo no impulso de escrever simples palavras...

27 de jul. de 2012

Razão & Sensibilidade



     Passear pelas colinas próximas ao chalé durante a manhã altiva, colóquios agradáveis na hora do chá e quem sabe um pouco de música para despertar a tarde preguiçosa! uma poesia lida com fervor ao final do dia, para agradar os de profunda sensibilidade. Tantas e tantas vezes desejei regressar aos dias de Barton Cottage...dele só me resta a lembrança onírica que hoje acalenta as horas urbanas. A vida em meio a estas mansões e ruas de pedras jamais poderia ser mais encantadora do que a vida no countryside; na cidade não se pode conhecer a todos de forma equivalente, portanto não se pode apreciar igualmente os talentos e o caráter de cada um...esta selva que abriga corações selvagens nunca poderia conhecer adequadamente as calmarias e a paz que reinam em almas que repousam sobre as macieiras, quando o sol dá o seu último adeus, beijando a beira dos morros a se perderem de vista. oh! como anseio por voltar a sentir a plenitude do sol batendo em minha fronte, sem  que nenhuma construção sem vida bloqueie os graciosos raios do astro-rei...correr sem rumo algum por entre o tapete verde que se estende até o fim do condado..até o fim do mundo!
     Em minhas preces somente há de existirem votos de que na derradeira hora, aqueles que me são mais queridos, lembrem-se de meu modesto pedido, e levem minha alma para fazer o seu último repouso em terreno abençoado, onde amei cada instante que tive a satisfação de viver ao lado de mamãe, Elinor e Margaret...no chalé de Barton!

Sincere words from your always sensitve and true;
Marianne Dashwood.

18 de mai. de 2012

a verdade em carne viva

 
 naquele momento, sentiu uma atração irresistível pela dor, desejou com todas as forças que a vida tomasse o rumo mais sofrido. desejou loucamente que fosse deixado para trás, ignorado e tripudiado. talvez fosse a inércia que tomava conta de sua vida empoeirada...alguma coisa tinha de acontecer.
   é claro que sempre se preocupou mais com cicatrizes alheias do que com suas próprias, sua principal função nessa vida parecia ser curar as feridas abertas que encontrava pelas esquinas, as veias esvaziadas e azuladas pelo calor do fogo. ondas de remorso e nostalgia viajam em um fluxo interminável de agulhadas epiteliais, provocando uma profunda dor crônica e isso curiosamente lhe causava satisfação, um quase contentamento.
   a dor era de tirar o fôlego, comprimia seu cérebro, mas era revitalizadora. como um sopro vindo diretamente da garganta da morte acordando-o de um sonho catatônico. escrevia-lhe poemas, contos e dava seu sangue por ela, velha companheira de desencontros casuais e noites fatídicas. essa é a canção invocada por uma alma enterrada viva, enjaulada dentro do espelho das próprias ilusões. o extremo, o limite era sua única salvação, nada a impediria de destruir as correntes e cavar seu caminho até a superfície.
   dizem que quem passa pelo caminho da dor paga um preço alto, mas seu final reserva uma recompensa. bem, se há alguma verdade nesse mundo, é o fato de que alguns nasceram para se perder por aí...

and it's hard to dance with a devil on your back so shake him off...

17 de fev. de 2012

Mudança Radical


É incrível perceber como uma mudança na aparência, mais espeficiamente no cabelo, pode te renovar por completo. seja uma mudança mínima ou radical, é um combustível para as suas energias que se encontram em velocidade estática. você se sente mais confortável em sua própria pele, e isso vale por milhares de livros de auto-ajuda ou terapias, porque é uma força crua que vem do próprio interior. quero experimentar essa sensação revitalizadora de tempos em tempos, nunca perder a vontade de evoluir...haja tintas e tesouras pra que isso se realize.

15 de fev. de 2012

Leveza


O dia que tanto temia acabou. pôde respirar o ar da tarde mais profundamente. mirou a luz com empatia. havia tirado um grande peso do peito, isso era certo. não há nada como palavras tranquilizadoras, no momento em que você mais as necessita. palavras que põem um fim à toda a ansiedade de mãos trêmulas e às lágrimas compulsivas no meio da noite. sentia um novo e refrescante ímpeto de seguir em frente, como se nada no mundo fosse capaz de fazer desaparecer aquele momento onírico que tinha se materializado magicamente a sua frente.
São desses momentos que saem as nossas melhores criações, como se, de alguma forma, nós conseguíssemos nos enxergar melhor. temos a sensação de estar nadando em uma piscina de águas extremamente claras, em um dia de realização.

11 de fev. de 2012

Lembrança Caótica


   Quando você sente vontade de gritar, berrar a plenos pulmões, porque sabe que isso vai te levar à fronteira da humanidade, ao estupor animalesco. expurgar a sua dor. entorpecer os sentidos, voar até onde a lucidez permite. às vezes é preciso sair de dentro da bolha gigantesca que oprime nossos cérebros e nos cerca por completo, para respirar um pouco de caos. o caos é necessário, é adaptativo e transformador.

Espelho dos Olhos


   Alguém certa vez disse que os verdadeiros amigos são aqueles com quem não há silêncios constrangedores; você não precisa inventar algum fato mirabolante ou simular uma risada seca para manter um clima agradável (apesar de existirem pessoas com o talento nato para a conversa fiada). o segredo é pensar em alguém desejável, com quem você gostaria de estar agora. tentar uma telepatia emocional. e é exatamente como diz o senso popular: entre amigos, o seu sorriso não é falso, aparecem aquelas ruguinhas genuínas ao redor dos olhos.
   O que mais há para se saber sobre os amigos é que eles nunca se vão. mesmo idos ou machucados, eles continuarão fazendo parte do grande emaranhado de cores que compõem, aos poucos, nossa vida. mesmo deixados para trás ou quase esquecidos, eles continuarão aparecendo em nossos sonhos de rotineiras noites; pois a marca que a sua alma imprime sobre a nossa está longe de ser rasa.
   E para os frágeis laços, é relevante dizer que ainda há solução. esqueça as dores passadas. desculpe as palavras omitidas. afogue as expressões vazias...quando se olha dentro dos olhos do outro, ainda é possível ver cenas de auroras passadas, uma recordação harmoniosa que desprove de sentido a hostilidade do agora.

7 de fev. de 2012

Antiga Estória


Sempre fui do tipo que não acabava aquilo que começava. Tomo por exemplo minha distante infância, onde costumava construir impérios e levantar civilizações, sem jamais movimentá-las. Apenas montava-as, e lá deixava à mercê do tempo e do pó. Talvez me parecesse que a vida estática que levavam meus brinquedos era mais interessante do que a vida de verdade. E então eu cresci, fazendo planos e construindo ideiais como qualquer pessoa...mas meus planos continuam intactos, suspiraram por um compasso de tempo, mas morreram antes de chegar à materialização, assim como meus velhos brinquedos empoeirados em meu antigo quarto.

The Smiths: there is a love that never goes out.


saudades das tardes que passava trancada (mesmo não tendo portas) dentro do quarto, ouvindo exaustivamente os ecos da voz do Morrissey dentro das minhas vísceras, deixando que ele embalasse tranquilamente a minha tão eterna depressão. sentindo cada palavra, cada punhado de auto-piedade e ódio pelo mundo lá fora.

"and if you have five seconds to spare, then I'll tell you the story of my life: sixteen, clumsy and shy...that's the story of my life."

sincronia absoluta, entre uma gravação e uma alma. eu fazia de suas palavras as minhas, e sentia compreensão em cada uma delas..em cada melodia, em cada solo de guitarra doído. Morrissey examinava minha alma com uma lupa, e via todos os males, todos os espinhos

"I've seen it happen..in other people's lives, and now it's happening in mine..."

creio que nenhuma outra banda de qualquer outro lugar distante desse mundo me cairia tão bem, naqueles tempos.

30 de jan. de 2012

Inquietude

Esse estado de constante inquietude incomoda muito. sim, inquietude..pois quais seriam as explicações alternativas a tantas limpezas e reorganizações de gavetas, de tantos passeios sem rumo sob o sol, de tantas tentativas de realizar mil coisas ao mesmo tempo? são todos tiros às cegas, uma tentativa falha de encontrar algo concreto e estável para se fazer...uma maneira de canalizar tanta energia ociosa. o problema da inquietação é que ela não vem só...traz consigo a angústia e a frustração. a angústia de estar sempre em busca de algo que não se sabe o que é nem se é. a frustração de não conseguir superar suas próprias expectativas.
É díficil desligar a mente de um estado como esse. é .. finalmente deixar de lado seus inúmeros afazeres e simplesmente se deixar levar pelo tempo livre que se tem nas mãos, fazer outra coisa, que não seja queimar neurônios. sair. pôr os pés na calçada, movimentá-los até o outro lado da rua, até a esquina, até o fim do bairro, até o fim do mundo. isso requere muita força de vontade, e ao mesmo tempo, uma impulsividade momentânea (devemos sempre aproveitar o momento de impulso, no momento em que ele chega à nossa superfície, na sua forma mais crua e desinibida).
Com um pouco de sorte, talvez essa inquietude infernal um dia passe, subitamente, assim como veio.

nascidos e criados por hipócritas

e assim as pessoas seguem em frente, aos tombos e aos tropeços, passando por cima de quem dizem adorar, adulando quem dizem detestar. a hipocrisia está mais presente do que qualquer um de nós possa perceber. é mais fácil vê-la em pequenos grupos, onde as relações se intensificam e se aproximam ao máximo. algumas pessoas parecem se apegar a hipocrisia como se esta fosse um soro intravenal, que causasse dependência.
raiva, aversão, desapontamento..que outras emoções nos provoca o ato de ver outras pessoas FAZEREM algo que DIZEM combater? veja, as duas atitudes diferem em gênero e grau. tal ato nos provoca um ódio súbito, um ímpeto de desmascarar esse ser que despeja mentiras para todo lado...e só há um único motivo para não o fazermos: a maldita convivência. apesar do prazer que ver a máscara cair traria, devemos pensar a longo prazo, afinal, seria um tanto incômodo ter que partilhar por mais alguns anos seus dias ao lado de uma pessoa com quem você brigou.
é, são os ossos do ofício (de qualquer um).

17 de jan. de 2012

Hopeless Emptiness

gosto de ver fotografias antigas. elas se mostram através de vidros quebrados, lábios destorcidos, olhos embaçados. eu insisto nelas, confesso. mas não me trazem dor, nem mesmo alegria. apens um vazio nostálgico.
apenas queria me tornar inconsciente. de meus próprios dias, de minhas próprias necessidades, porque eu as vejo como um todo, tão claramente como profundas águas claras, enxergando através de uma lente gigante de dor. o destino é como uma enorme lupa arrastando, esmagando nossas feridas.

Desesperança e Eu

uma fome inesperada de não sei o quê. uma força tentando romper as vísceras. o choro do vento, nauseante. só há poeira e espaços vazios por aqui. daqui o tempo parece intacto. sem estações de florescência ou o frio nostálgico.
daqui, eu realmente não sei nada sobre as suas cores ou rabiscos.
o teto parece se aproximar, sufocante, opressivo. grades e vidros que de nada adiantam. estado de meio-existência, estupor silencioso. sinto falta do verão; e de muitas outras coisas. nossas vidas são compostas de períodos. oscilações completas ao redor de algo. apens não sei quanto tempo vou levar para assimilar tal fato.

Depois de Ler Rimbaud;


Cantigas centenárias, tradicionalistas
o zumbido das folhas balançando
risos e palavras de mulher
será que existo?
pequena cidade, pequena alma
anacronia sólida, inferno mútuo
o céu é nostalgia mansa que flutua
tamanha é minha vastidão e individualidade,
que as mulheres mortas se tornam impenetráveis
e todos os feitiços vermelhos adormecem sobre a grama
nesta quadra devastada
outeiro mórbido do horror
faz destas minhas primeiras palavras
de outra era, chagas do ardor.

"you can write, but it's Rimbaud's arm".

The Girl

Costumava ser como pisar em ovos. sempre tentando achar a combinação e medida perfeitas das palavras. qualquer termo ou abreviação mal colocados poderiam significar o fim da linha; não necessariamente o fim da linha, mas, a perda de um atalho, o aumento extremo do caminho. e isso era o que ela menos queria.

Poderíamos dizer, sim, que isso se liga diretamente à sua natureza simples; na disposição mais crua da palavra. simples, mas complexa em sua simplicidade. não gostaria de ferir ninguém, nem pelo mais valioso ouro. aceitava, no entanto, os golpes e punhaladas que recebia dos que estavam ao redor. é mais uma questão de natureza mesmo, e não uma questão de escolha ou ponto de vista. assim como só nos auto-conhecemos ao escrevermos, creio que ela também somente se conheceria por completo ao vivenciar certas experiências. tudo sempre lhe pareceu fora de foco: inconfortável em sua própria pele, colossalmente isolada (em uma casa cheia), sem passado, destino, exilada, solitária exilada sem destino. são pensamentos que povoam sua mente perturbada, não raro.

Onde ela vive, há alguns meses em que faz bastante frio, não aquele frio que permita a graça da neve, mas frio o suficiente para não conseguir se movimentar de tantos agasalhos e mantas. ela gosta do frio. antigamente, a explicação para isso era a de que no inverno, com o excesso de roupas, não precisava mostrar seu corpo. auto-flagelado. agora ela acha que realmente gosta do frio, talvez por ter vivido tão longe dele, por tanto tempo. é uma cidade de tamanho mediano, sem graça até. talvez ela seja a única a ver algo rosa nela (la vie en rose). por ter passado tanto tempo longe? quiçá (la vie en rose). existem algumas coisas que não a agradam, e que sinceramente não agradariam a ninguém do tipo dela. na escola onde estuda, onde acorda religiosamente cedo para ir batalhar (sim, porque é uma batalha, e sofrida!), existem fatos e acontecimentos extremamente desagradáveis; como as diferenças abismais entre os tipos de personalidades. é sim, um fenõmeno social. como a discrepância entre centenas de jovens pode levar a semelhantes atos de injustiça e briguinhas ferrenhas e inúteis.

Ela não consegue explicar como se sente, exatamente, sobre isso. a única coisa que pode afirmar é que tudo agora, mais do que nunca, pelo menos ali, é irreversível. não é ser pessimista e sim realista. ninguém está disposto ou sequer pensa em mudar sua conduta auto-suficiente. ela gostaria que todos vissem que apesar dos contrastes profundos, existe algo dentro de todos, como uma pedra especial, que pode ser compartilhada e mostrada, independente de afinidades ou aparências. mas eles não verão.
embora haja isto, há também a parte feliz. ela conseguiu encontrar, em meio à multidão, uma pessoa, que se tornou extremamente próxima, é semelhante a um irmão siamês. ela sabe que tudo passa, tudo vem e tudo passa, pensa nisso demais, até. se pudesse congelaria o tempo na fase atual. essa aliança harmoniosa que conservam hoje, por mais que não queiramos enxergar, se enfraquecerá com a distãncia.

Antes de dormir ela pensa, o quanto sua vida sintética mudou. o quanto sentirá falta dessa pessoa,e o principal: o quanto deseja (ainda) ter vivido tudo ao lado dele. pode ser dramático demais pensar isto, mas ela pensa. pensa que é uma mariazinha-ninguém, intrometida nas afeições alheias. chegou, tomou lugar de muitos. invadiu o quarto escuro onde guardavam as relíquias, os ossários de batalhas passadas, fraquejadas, porém não perdidas. e agora ela está quase completamente consolidada, mas ainda é como a água, oscilante e profunda. profunda demais.
analisando as pequenas coisas que costuma analisar, sente-se bem diferente dessa pessoa, esta é a perfeita união entre terra e ar. terra; profundidade, ar; expressão.  e a garota, ah...ela, é um oceano dentro de um rio. água sobre água mais água e se desorienta nas profundezas.

Enjoy The Silence

por  vezes até parece que eu perdi o meu nato "dote" para escrever. analisando friamente, nunca foi tão bom...mas sempre me satisfez. como os dias têm sido corridos e as noites tão tênues...as pessoas tão ausentes. literalmente. por um lado é até bom. enjoy the silence,sim, eu aprecio o silêncio, e o trato como um grande corredor...por onde passo apática e veloz. não quero parar, olhar para todos os lados e perceber o vazio.

por vezes lembranças de auroras distantes se acendem repentinamente em minha memória. mas é momentâneo, não há tempo para pensar muito no passado, quando absolutamente tudo depende do futuro. e um futuro bem próximo, este se veste como uma vultosa raposa negra. o choro do vento do inverno não colabora.

por vezes quero estar completamente cercada por melodias, que afaguem ou amenizem a dor; anestésicos, placebos, paliativos. um disfarce conveniente e eficaz. se pudesse, escreveria para sempre.
por vezes dói tanto ser forte em um momento, mas desmonorar no seguinte. é o que tem acontecido, vamos nos encaixando cada vez mais em nossas cavernas, nos cobrindo de ilusões de segurança, quando nunca estaremos a salvo de nós mesmos, é inútil...

por vezes penso que, sim, eu deveria anular tudo completamente, como se fosse uma folha de papel rabiscada, aquela velha estória de querer começar tudo do zero. isso é ilusório. creio que, para nos satisfazermos devidamente, teríamos que trocar de vida pelo menos uma vez a cada cinco anos. e talvez ainda fosse pouco. não deixo esses tipos de pensamento muito desgarrados chegarem á superfície. sinto que, no fundo, pela auto-educação que tive, coisas que vivi, coisas nas quais acredito, eu deveria ser algo diverso do que sou hoje. mas as influências externas são meros incentivadores perto da sua verdadeira essência.

velhas palavras

Tens tudo, absolutamente tudo
O cálice derramado por sobre tua fronte
Inspira sopro divino por tua boca
Te são oferecidos mundos, caixas de papelão
Com as quais fazes barcos...

O que é este torpor que transcende o conceito de patologia?
Sim, é algo a mais do que uma psicose, mesmo que instantânea
A dor desliza por dunas tissulares. contorna e se soma à tua estúpida carne
Ainda tens a figura de um macho...mas nada
dentro de ti é terreno...sentes que transcende a barreira corpórea
Ficas no topo, sentado, observando a grande magia de tudo...

Apenas tenha a certeza de que és um busto
em exposição em um museu qualquer deste mundo
Almas te admiram, te vaiam ou te odeiam
Não importa o que aconteça, estás em constante exposição.

Surrealismo?

trancado dentro de centenas de paredes incapaz de gritar
você sente que aquela melodia nostálgica de leve
irá despertar a dor que estava dormindo
como uma maçã podre
que está infectada até o caroço
como um tronco
sem seiva
e um fluxo constante

o calmo conformismo
pinga em forma de cera
do seu ouvido esquerdo
você é uma estátua da dor
como venus de milo
não foi crucificado
por não ter braços

uma pesada cruz
você não consegue aguentar
e isso continua
o cheiro de ferro dos ossos
sangrentos e carnosos esfregando-se e partindo-se

9 de jan. de 2012

O Enigma da Palavra


 E as promessas cada vez mais antigas vão se esvaindo pelos poros, se transformam em partículas microscópicas diante da grandiosidade e longevidade de nossa história. e só o que me resta é escrever. é meu único ataque, minha única redenção.
Escrever, em meu universo, significa voar aos céus e enxergar o limite (the sky is not the limit), o mais alto que eu posso alcançar, porque é através das palavras irreais que eu escrevo, que eu me torno real.
escrevo mais retalhos e vestígios de histórias do que textos propriamente ditos. mas é o bastante, sinto-me satisfeita comigo mesma, como em poucas outras ocasiões me senti.
Por mais que o mundo esteja desmoronando lá fora, por mais que todas as espadas fechem o cerco ao redor, a minha escrita, e principalmente o meu pensamento, sempre permanecerão intactos, intocáveis. um porto seguro ao qual posso sempre fugir em meio à tempestade. nada mais peço além disso, nada mais mereço.

3 de jan. de 2012

plenitude e perfeição

   Um sentimento esmagador de completude toma lugar. tudo parece estar indo conforme o desejado, como se subitamente, todos os sinais tivessem ficado verdes. tudo está tão perfeito quanto uma escultura de vidro, recentemente cinzelada...é tão clara e bela mas ao mesmo tempo muito delicada, a qualquer movimento brusco ou mal jeito de mãos, há o risco de ela se partir, em milhares de pedaços irreparáveis.
  Não se pode encontrar a felicidade nem mesmo na perfeição, não plena, pelo menos. usualmente vai parecer bom demais para ser mesmo verdade, como se por trás de tudo houvesse algo não tão belo. haverá agonia, ansiedade e medo, na perfeição. mas enquanto isso, na superfície nítida e limpa, sou apenas faíscas, águas cristalinas e sinais verdes.