31 de mai. de 2011

epifania humanista;

      "Poderá ser difícil comunicar a próxima descoberta que fiz. Consiste nisto: quanto mais aberto estou às realidades em mim e nos outros, menos me vejo procurando, a todo custo, remediar as coisas. Quanto mais tento ouvir-me e estar atento ao que experimento no meu íntimo, quanto mais procuro ampliar essa mesma atitude de escuta para os outros, maior respeito sinto pelos complexos processos da vida. É esta a razão porque me sinto cada vez menos inclinado a remediar as coisas a todo custo, a estabelecer objetivos, modelar as pessoas, manipulá-las e impeli-las no caminho que eu gostaria que seguissem. Sinto-me muito mais feliz simplesmente por ser eu mesmo e deixar os outros serem eles mesmos. Tenho a nítida sensação de que este ponto de vista deve parecer muito estranho, quase oriental. Para que serve a vida se não tentarmos moldar os outros aos nossos objetivos? Para que serve a vida se não lhes ensinarmos aquelas coisas que nós pensamos que os outros deviam saber? Para que serve a vida se não os levarmos a agir e a sentir como nós agimos e sentimos? Como se pode conceber um ponto de vista assim tão inativo como o que estou propondo? Tenho certeza que atitudes como estas serão, em parte, a reação de muitos de vocês.   

 [...] É de fato paradoxal verificar que, na medida em que cada um de nós aceita ser ele mesmo, descobre não apenas que muda, mas que as pessoas com quem ele tem relações mudam igualmente."

Carl Rogers

because of the times;

1ª foto do acervo pessoal postada!

"emergindo do inferno diário
ouço batidas na porta
do grande desconhecido
eu descobri demais
chá, cafeína, estimulante
pra não perder a viagem;
os aromas, as palavras e o azul.
e sobre você
não haverá baú mais profundo
a ser descoberto
as lembranças são cornetas de caça
cujo ruído morre ao vento."

28 de mai. de 2011

Rebel Rebel;

"encontrei meu nirvana na rebeldia. em uma tarde simples, de sentimentos nus e adolescentes crus fumando seus cigarros. há união quando todos querem mudar o mundo (mesmo que tão localmente), arremessando ovos no inimigo, vendo-o atravessar as ruas, passando por nós. hoje eu sinto que achei o lugar certo para estar. não sinto o vazio e nem o pesar do passado. apenas sinto vontade de viver esse momento, tão fervorosamente e tão abertamente. hoje eu senti orgulho."
é verdade, todos nós temos nosso momento che guevara, mas não sabia que era assim tão satisfatório e positivo.

e agora, só há semelhança nas diferenças entre nós dois.

9 de mai. de 2011

Mississipi em Chamas - Mississipi Burning (1988)

                                          
Ainda tenho um tempinho antes de ir pra aula, então vou postar sobre o último filme que eu assisti (regência go to hell) nesse final de semana. Chama-se "Mississipi em Chamas". Eu já tinha ouvido falar nele várias vezes, já sabia sobre o que tratava, e agora surgiu a oportunidade de ver. E pra todos aqueles que torcem o nariz quando vêem que o filme já é meio antigo, go to hell! é tão ridículo julgar um filme pelo ano em que foi feito, óbvio que a "tecnologia" da época não era a mesma de hoje, mas enfim, o que realmente importa é a história que está sendo contada e os atores...coisa que não deixa a desejar nem um pouco nesse caso. Então, vamos à estória.

O filme fala sobre o verdadeiro desaparecimento de três garotos ativistas dos direitos civis - em 1964 -  um negro e dois judeus, que são descaradamente assassinados por membros da Klu-Klux-Klan (KKK), em uma cidadezinha no interior do Mississipi, chamada Jessup. No decorrer do filme, veremos a investigação fictícia feita pelo FBI, para resolver este caso.
Os dois agentes do FBI mandados para averiguar o caso, Rupert Anderson (Gene Hackman) e Alan Ward (Willem Dafoe), se deparam com uma cidade totalmente dominada pelos ideais da KKK. Racismo e segregação total em relação a qualquer um que não seja um exemplar americano cristão não-comunista. Como o líder do movimento mesmo diz (+ ou - assim): 

" - Não vamos deixar que esses homens do norte tentem transformar a nossa comunidade em réplicas da comunidade deles. comunidades onde negros fazem revoltas e não são punidos, como nas ruas do Harlem, de Oakland e Chicago! Eles odeiam o Mississipi, porque nós representamos um exemplo de segregação bem-sucedida [...] Esses policiais federais que vocês vêem aqui, violando nossos direitos civis, estão aprendendo que são inúteis, se cada um de nós, cristãos anglo-saxões, nos unirmos! "

Ou seja, é como se o Mississipi, e não só o Mississipi, como qualquer outro estado do sul dos EUA, fosse um país separado do resto; com leis e costumes próprios. Como o próprio prefeito da cidade diz:
 "- O fato é que, nós temos duas culturas por aqui: a cultura dos homens brancos, e a cultura dos homens de cor; sempre foi assim, e sempre será.
  - O resto da América não vê dessa forma, sr. prefeito.
  - O resto da América não importa. Você está no Mississipi agora. "


Assim, vemos inúmeras cenas brutais de ataques contra a população negra. Desde um garoto que foi torturado e morto por simplesmente ter falado com um dos agentes do FBI, até a destruição de casas e capelas e a agressão física, sem nenhum motivo aparente. Para nós, sem nenhum motivo aparente. Pois para a população branca de Jessup, não há nada mais correto a se fazer. É algo tão intrínseco à cultura, eles são ensinados a odiar dede cedo, e quando percebem, já estão imbuídos do ódio e acreditando fielmente naquilo que lhe ensinaram em casa e na escola. É claro que tudo isso tem um fundo religioso, os integrantes da KKK dizem que a segregação estava na bíblia, Gênesis: capítulo 9, versículo 27.
Depois de várias semanas de investigação, aparentemente pacífica; onde os agentes já têm a certeza de que foram os policiais-membros da KKK, que mataram os 3 rapazes, eles finalmente descobrem o paradeiro dos corpos. A delatora foi a esposa do delegado da cidade, a sra. Pell, o que acaba não se convertendo em algo bom pra ela. Enfim, após todo o procedimento policial, os funerais acontecem, e aí está, creio eu, a cena de maior impacto no filme. No funeral do rapaz negro, o padre discursa sobre o conflito racial, onde a maior prova deste é que os dois rapazes brancos não tiveram nem sequer um funeral conjunto com o do rapaz negro, portanto, não há como ele dizer que a família e a população negra sentem a mesma coisa que as famílias dos brancos.

É claro que houveram críticas ao filme, na medida em que ele mostra os dois agentes do FBI como heróis, que se opuseram à toda segregação e preconceito, quando na verdade, pelo que eu li, eles não interferiram em nada, mal protegeram os civis ameaçados da pequena cidade e, alegadamente, observaram pessoas sendo espancadas sem intervir. No entanto, o filme ganhou vários prêmios, incluindo um Oscar, na categoria de melhor fotografia. É um relato de uma situação muito séria, que realmente aconteceu, e serve de conscientização, para olharmos para o nosso passado e não deixar que isso aconteça novamente. Quanto ao sul dos EUA, que sempre teve mais fama de racista que o resto do país, creio que o preconceito tenha diminuído, obviamente, mas que ele ainda existe, é fato.

Aqui vai a cena do funeral e do discurso, como eu tinha dito:

                                      

" - Eles querem que eu diga: ' Não nos esqueçamos que dois garotos brancos também morreram tentando ajudar os negros.' Eles querem que eu diga: ' Nós lamentamos juntamente com as mães desses garotos brancos.' Mas o estado do Mississipi não permite sequer que esses garotos brancos sejam enterrados no mesmo cemitério que esse garoto negro.
   Eu digo: 'Eu não tenho mais amor para dar! Eu tenho apenas ódio em meu coração hoje, e eu quero que vocês sintam ódio comigo! Eu estou indignado e cansado, e eu quero que vocês se sintam indignados e cansados comigo! Eu estou indignado e cansado de ir a funerais de homens negros que foram mortos por homens brancos! E eu estou indignado com as pessoas desse país que continuam permitindo que essas coisas aconteçam! O que direito inalienável se você é um negro? O que significa tratamento igual perante a lei? O que significa liberdade e justiça para todos? Agora eu digo a essas pessoas: 'Olhem para o rosto desse jovem e vocês verão o rosto de um homem negro. Mas se vocês olharem para o sangue dele derramado, é vermelho! É igual ao de vocês! '"