24 de set. de 2011

Os ventos do norte não movem moinhos;

Será que você ainda se lembra daquele poema que te escrevi? tinha um título em francês, e muitos versos sem métrica nem rima, mas ele era o que mais havia de verdadeiro dentro de alguém como eu, com os meus recursos, na época. tudo o que eu queria era te consolar, dizer que, por mais que tudo parecesse pesado e sem sentido, ainda havia um bom motivo pra sorrir despreocupadamente e dormir um sono leve. não sei se as palavras te alcançaram dentro do seu casulo de lágrimas, mas para mim foi um bem maior. pela primeira vez na vida senti que havia realizado alguma coisa, chegado até o fim. não importava se o meu pequeno poema de retalhos estivesse manco, não soasse belo quando alguém o lesse ou não satisfizesse as regras crueis da literatura culta. nao. porque ele era meu, e era palpável. ao terminar, senti-me como um pintor barroco, admirando a sua obra-prima. simplesmente maravilhado. é incrível o que sentimos quando criamos algo..dê uma olhada em volta, as pessoas estão a todo o momento morrendo de soberba, bêbados de vaidade. sobre suas criações, seus filhos, seus feitos, suas vidas, seus mortos, seus caminhos tortos. e assim nós vamos seguindo, dependentes do que criamos, e ao mesmo tempo solitários.

Um comentário:

_garota_ do_ bolso_ disse...

Perfeito,Lary! Adoro a maneira como trabalhas a função emotiva em teus textos!