16 de ago. de 2013

Dreams

A ferrugem dos objetos uma vez prateados marca a passagem do tempo, a passagem das lembranças, que se tornam graves e pesadas cicatrizes de batalha. no inverno elas doem  mais..continuo tropeçando nelas, em páginas de livros jamais folheadas, em olhares de pessoas desconhecidas...no murmúrio lento dos dias. me pergunto se algum dia elas irão encontrar sossego, quem sabe no regaço de uma felicidade passageira, encontrada em dias verdes e ensolarados..serão postas no esquecimento por uma alma sem arrependimentos nem correntes lhe prendendo ao que já se foi...

30 de jun. de 2013

Week-end Scraps

Imaginando se as janelas através das quais a luz parece entrar e se esvair são reais. o tempo voa como uma pena quando você se encontra sozinho, poderia muito bem estar encurralado dentro da sua própria mente. como você poderia saber? como você escaparia?
sua gargalhada é ansiosa e convulsiva, tentando escapar do peso insustentável que esmaga o seu crânio dia após dia.
o zumbido em seus ouvidos que parece vir de nenhum lugar
o tique-taque dos relógios aumentando e aumentando
a ansiedade que não o deixa sossegado
incapaz de se concentrar em apenas uma coisa
zilhões de pensamentos e fantasias devorando os seus neurônios
todos ao mesmo tempo, todos em um minuto
a solidão é real, muda, completamente física.
tudo o que queria era que hoje chegasse, agora ele está aqui
e eu não o suporto
quando esse dia vai acabar?




13 de jun. de 2013

I will live a life that makes you smile...

O que seria mais importante: ideias ou pessoas? os dois, eu normalmente diria, mas ultimamente eles tem aparecido como dois polos opostos na minha vida. se tenho um, perco o outro. com certeza tenho alguma parcela de culpa nesse processo (talvez menos que eu costumo atribuir), mas a questão principal é que é tão mais fácil viver a vida trancado no próprio mundinho, não dando a mínima pra opiniões alheias e ser  antiético, machista, preconceituoso e nem se tocar disso tudo. isso é muito mais fácil e cômodo do que parar e refletir (não que esse movimento tenha se dado por minha própria iniciativa)...mas no fim do dia eu me pergunto: será que toda essa mudança vale a pena? o que eu vejo é que agora eu faço parte de uma minoria ideológica, e bota minoria nisso. não quero dizer com isso, "Deus" me livre, que eu me ache intelectualmente superior a quem não pensa dessa forma, não..são modos diferentes de ver as coisas, apenas. mas sair do comodismo não é um processo fácil, é doloroso, psicotizante até..é algo que frequentemente te faz refletir se você está caminhando no lugar certo. eu olho pra trás e muitas vezes desejei, como desejo nesse momento, voltar ao passado quando as coisas não eram assim tão complicadas, quando eu não me importava tanto com uma opinião absurdamente machista, por exemplo.
Tornei-me uma chata, é o que dizem as más línguas. uma chata que gosta de discutir sobre o que vive e estuda diariamente, que gostaria de poder ter um diálogo civilizado com alguém de opinião contrária (por mais que eu tenha exagerado e muito no passado, agora percebo que não há problema nenhum em haverem opiniões contrárias) aliás, que bom que elas existem, sinal de que há muito pra se dialogar. o problema é quando cada um fica no seu canto por pensar diferente, acabando com qualquer possibilidade de resolução ou construção de saber, no momento em que se limitam a manterem as bocas e as mentes fechadas. 
Creio que essa situação não seja algo tão fora da realidade, milhares de pessoas devem ter passado por algo semelhante, mas algumas pessoas nunca vão experienciar algo assim, e não há nada de errado com isso...outro ponto que me deixa pensando e sem respostas prontas, como explicar a importância dessas ideias pra mim? porque aparentemente as pessoas podem viver suas vidas inteiras sem nunca nem arranhar a superfície desse tipo de assunto..nesse sentido, acho que o que importa, mais do que ter um determinado pensamento politicamente correto ou não, é sentir que você está fazendo a diferença de alguma forma, na sua própria vida e na dos outros. não existem respostas definitivas pra nada nessa vida! a dúvida mortal da culpa sempre vai me assombrar, assim como os "e se" que aparecem a cada esquina. preciso é achar o equilíbrio entre minhas opiniões e a interferência negativa delas sobre as opiniões das outras pessoas, e tentar não dramatizar demais a situação toda.
Depois da crise onde tudo parece desconhecido e amedrontador, eu recoloco meus pés no chão e tento reencontrar o equilíbrio. talvez tudo isso seja apenas parte de uma grande lição pela qual eu preciso passar, e eu não costumo deixar as coisas pela metade. não posso voltar atrás, como a minha fantasia nostálgica propõe a toda hora, nessa estrada não existem retornos, apenas milhas a perder de vista.

12 de jun. de 2013

you can go your own way

     um momento raro em que as lágrimas jorram das minhas faces...de alegria. a expulsão de um fantasma que vinha me atormentando já há algum tempo. é a coisa mais engraçada quando um estranho, por alguma razão misteriosa, interpreta um papel decisivo nas nossas vidas. mais engraçado ainda é o fato das palavras desse estranho, que você provavelmente nunca vai encontrar na vida, surtam mais efeito do que as palavras próximas de um amigo ou conhecido. e foi assim que esse fatídico estranho, da forma menos intencional possível, acabou, através de um emaranhado de circunstâncias que se encontraram, me liberando de uma carga tão pesada que não me permitia ver o que realmente importava.
     e...refletindo sobre tudo o que aconteceu nos últimos tempos, acho que o mais importante de tudo, nesse momento, é sentir que, apesar de todas as críticas, de toda a culpabilização, a indiferença e o sarcasmo com o intuito de ferir...mais importante que tudo isso é sentir que você está seguindo o seu próprio caminho, que pode ser compartilhado com outras pessoas, naturalmente, mas é um caminho que ninguém pode andar por você. seja ele bom, ruim, ou qualquer outro adjetivo que se encaixe, seja ele destinado a algum lugar específico, ou a lugar nenhum por enquanto! eventualmente você vai encontrar alguma coisa..porque afinal você estará seguindo por ele sob sua total responsabilidade e escolha, e ter consciência disso tende a ser extremamente libertador.
     aprende-se com as vivências que as pessoas não são mercadorias baratas e o amor que as envolve não pode ser comprado nem vendido, idem para os caminhos que cada um segue...cada um tem o seu, cada um É o seu, verdadeiramente. é uma pena que o seu tenha divergido completamente do meu e tomado uma diferente senda, mas é o jeito que as coisas precisam acontecer pra que cheguemos a algum lugar, ou no mínimo, pra que continuemos sempre andando.

4 de mai. de 2013

Vivre Sa Vie


     a liberdade tem um gosto inesperado quando surge dentro de uma vida de tantas rotinas defensivas e rituais desapaixonados. é assustador como podemos criar conexões profundas com outra pessoa, tão profunda a ponto de entrar em quase simbiose completa com ela. aí entra a insustentável leveza do ser, uma filosofia levemente pessimista que se encaixa em vários acontecimentos da vida...o peso pode acabar dominando, e geralmente domina, as relações. mas, se alguém me disser que a vida não vale a pena ser vivida porque ela é feita de perdas, dor e angústia ou porque o envelhecimento acaba limitando o seu prazer em todos os sentidos, eu digo que mesmo assim vale a pena (e eu dificilmente sou otimista).
     eu digo que, apesar de toda a dor das perdas e da própria experiência absurda da vida, pra mim, a ideia de viver está intimamente ligada à passagem de tempo, porque é o tempo que cria as memórias, a experiência, as vivências em si, que são construídas tanto por coisas boas quanto ruins. por isso e por tantas outras coisas eu preciso constantemente me lembrar de que essas tais experiências ruins são naturalmente parte de todo o processo, e de que precisamos de coragem e resiliência na hora de atravessá-las.

2 de mai. de 2013

a psicologia nossa de cada dia

             Dentro de uma rotina frenética fica difícil vir aqui e postar qualquer coisa que seja, mas já que é um espaço livre de qualquer restrição e feito justamente pra se dizer o que quiser, vou me apropriar dele.
Tenho feito pouca coisa além de viver e respirar psicologia, e das inúmeras coisas que eu descubro, invento e aprendo todos os dias, com certeza as principais e mais valiosas não se encontram nas linhas ou entrelinhas das pilhas de xerox que eu tenho em cima da minha mesa...o mais precioso ensinamento é o que diz respeito aos seres humanos, sujeitos, indivíduos, pacientes, clientes, escolha o termo mais adequado de acordo com seu gosto (ou de acordo com sua linha teórica!), e é saber respeitar cada pessoa na sua própria individualidade, por mais divergentes que as opiniões dela possam ser da minha, e tentar compreender, o mínimo que seja, o que essa pessoa fala, por mais que o contexto dela seja diferente, tentar deixar de lado os preconceitos e estereótipos mais óbvios e escrachados, que são tão naturais em todos nós.
            As coisas mais importantes que eu aprendi nesses quase 3 anos de experiência, são as que não podem ser transmitidas pelos livros, apenas por outros seres humanos de carne e osso que estejam fisicamente próximos de mim. a postura de parar, simplesmente cessar o movimento, algo que nunca fazemos em dias de rotinas tão cansativas, e tentar enxergar o mundo, as coisas, as pessoas, os fatos, as borboletas, pelo que realmente são, isto é, nunca unilaterais. é claro que devemos ter muito cuidado nessa hora de afirmar que "pensamos diferente" do resto da sociedade, esse diferente não quer dizer superior, é aí que está a diferença. se nos julgássemos melhores por ter uma certa opinião, isso subverteria completamente todo o noss objetivo: o de propagar essa empatia pelo outro, sem o qual a nossa vida não tem o menor sentido e para consigo mesmo também, afinal, as obrigações e dívidas que a sociedade exige de nós não são nada leves.
              Se for pra se colocar em palavras, apesar de ninguém saber exatamente do que se trata (muito menos os que já são profissionais) a psicologia pra mim seria um constante exercício da nossa humanidade, a capacidade de sair da bolha paranoica que nos cerca e finalmente descobrir que há outros ao nosso lado, e ao lado desses outros estamos nós, nos encontrando e reencontrando constantemente ao longo dessa vida absurda e maravilhosa.

8 de abr. de 2013

looking for my own peace of mind

em algum momento você precisa continuar. se despedir das memórias aconchegantes e mirar o horizonte, por mais que pareça que ele jamais vai compensar a dor da perda, por mais que a solidão seja tão mais convidativa...quando ela se enrola em volta do seu pescoço e o deixa confortavelmente entorpecido, deve ser como a sensação de aprender a respirar debaixo d'água, primeiramente é sufocante e angustiante, mas, depois de um tempo você simplesmente se abadona ao desespero e abraça a escuridão.

6 de mar. de 2013

we're all stardust

     Estive pensando sobre o significado da dimensão espaço-tempo e a sua origem. Estive pensando sobre o último sopro de vida..e me perguntando se alguma coisa nesse entremeio realmente tem alguma importância..? Curiosamente ou não, somos seres constituídos, externamente, pela poeira estelar (literalmente: stardust) das galáxias, não há nada de místico nisso, é um fato cientificamente comprovado (seja lá o que for a ciência..um acordo no protocolo de verificação de hipóteses e evidências?), e internamente, pelo vazio mais profundo e negro da via-láctea, pois o nosso contato com galáxias além ainda é limitado.
     O vazio, por sua vez, é o que impulsiona toda vida humana, somos os únicos animais capazes de ter certos desejos, que fogem à satisfação das necessidades mais básicas, além de podermos ponderar sobre esses desejos.  creio que o vazio seja a origem e a finalidade de toda vida, se não fosse por essa falta excruciante, nós permaneceríamos no útero pela eternidade, nunca nos moveríamos, nossos ossos não cresceriam e muito menos faríamos certas coisas..aprender a ler, amar, tocar um instrumento, viajar, aprender uma nova língua, ter empatia com outros seres semelhantes.  enfim, todas as coisas mais minúsculas, que podem por vezes parecer tão insignificantes..são sobre elas que as nossas vidas estão estruturadas.
     Um protótipo dessa situação seria a coleção mais completa e intocada de alguém...depois de apreciá-la, nos perguntamos, o que nesse mundo levou esse ser humano a ter motivação de começar aquilo? o que isso vai lhe trazer, de bom ou de mal? e principalmente, será que ele/ela se perguntou, ao menos uma vez, porquê o fazia? talvez..mas com certeza quando essa pergunta se tornou clara em sua mente, ele/ela deve ter desdenhado e ignorado ela, enquanto se preparava para tirar o pó de sua preciosa coleção.
     Se formos analisar todas as coisas que fazemos diariamente, rotineiras ou não, ficaremos abismados com a quantidade delas que se mostra completamente desnecessária e digna de questionamento. Pessoas dedicam suas vidas a esse tipo de coisa...catalogar todos os arquivos de uma biblioteca em ordem alfabética, assistir a todos os filmes de um certo diretor, tirar o pó dos mínimos detalhes dos móveis diariamente, mulheres que trocam de esmalte a toda semana...é claro que isso tudo faz sentido no momento em que estamos fazendo, mas se formos considerar o tempo de uma vida humana, talvez se torne uma tarefa desimportante demais. talvez seja esse o segredo, não pensar na longevidade de nossas vidas, pois, até onde sabemos, podemos ir até no próximo minuto, não há garantias empíricas de que viveremos o dia de amanhã. e o vazio que nos impulsiona a fazer todas essas coisas, consequentemente nos faz esquecer da imprevisibilidade do futuro, iminente ou distante.
     Considerando o que falei até agora, seria certo afirmar que eu também concordo que as pessoas também não deveriam se preocupar em serem boas e honestas, já que a vida é tão curta. mas esse raciocínio é muito simplista, como eu já disse, não desmereço as pequenas coisas da vida, apenas digo que é curioso que a estabilidade das nossas vidas devam tanto a essas pequenas coisas, que preenchem o vazio como um mosaico.

18 de fev. de 2013

You are young and life is long and there is time to kill today...


     A concentração na sua própria dor é tão grande, que você acaba não prestando a mínima atenção ao que está acontecendo ao redor..o que mais tarde definitivamente será motivo de arrependimento.
Nesses momentos o desprezo domina todas as suas autoavaliações. Maduro? Civilizado? Admirável? Alguém assim, com as maneiras afetadas por esse medo atroz que paralisa, essa covardia de viver, de dar o todo de si a cada minuto, a cada ação...o comportamento minado por uma apatia raivosa..
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     A fantasia eterna da possibilidade de reverter o efeito do tempo. Muito roubou noites de sono e vidas férteis de mentes curiosas desde o início de tudo. Voltar no passado, repetí-lo, vivê-lo inteiramente de novo, instante por instante...ficar aninhado e preso em seus braços para todo o sempre...por vezes isso não parece atraente? A nossa impressão do passado, certamente, é a coisa mais cruel de todas! Temos sempre a impressão de que, quaisquer fossem as circunstâncias, ele era melhor do que hoje, mesmo que o presente seja fácil e leve. O passado é como uma âncora, nos mantém sempre navegando próximo às mesmas águas de sempre, por mais que a vela esteja virada para a direção contrária...talvez o passado seja como deus. em sua face mais laica e mascarada, algo pelo qual ansiamos com uma força quase febril, mas também algo inatingível, sob qualquer aspecto possível.
      ...E pensar que as memórias são a única coisa que podem nos manter sintonizados com os eventos passados, a coisa mais preciosa que temos, mesmo assim, conforme o cruel tempo passa, a marca que conservamos mentalmente de quem já não está mais presente vai sutilmente se apagando, como o vento sobre uma pegada na neve fria e alva. Mãos que um dia conhecemos tão bem, sendo capazes de imaginá-la em toda o seu detalhismo..as falanges, o contorno das veias, as linhas da palma..vai aos poucos se apagando de nossa mente. Os olhos, tão sinceros e doces, com aquele "vapor úmido" (parafraseando Balzac, à muito grosso modo), já não tem mais o mesmo reflexo, vão se tornando opacos e distantes conforme o tempo passa.
      Como disse Apollinaire: "As memórias são cornetas de caça cujo ruído morre ao vento"

7 de fev. de 2013

It takes guts to be gentle and kind.

      Aquela frase que diz "endurecer sem nunca perder a ternura", nunca havia feito muito sentido pra mim, as duas coisas simplesmente parecem polos completamente opostos...como será possível alguém ser forte e ao mesmo tempo não deixar a doçura esmorecer perante o punho levantado?
     Algo que eu realmente jamais vou entender é o porquê das pessoas escolherem deliberadamente ferirem outras, pelo simples prazer que o ato lhes traz. Digo pessoas porque nunca estaremos livres de fazer o que quer que seja, e eu também não estou livre para julgar abertamente porque com certeza já cometi esse ato tão desprezível, mais vezes do que eu posso me lembrar. Não sou ingênua a ponto de pensar que todos queremos e procuramos fazer o bem a pessoas alheias e nem a ponto de pensar que não existam razões para que uma palavra mais amarga seja proferida, claro que não. O meu ponto é chegar na compreensão dos motivos, que podem ser tantos - ou nenhum - inveja, raiva, interesses, vingança...pode ser pelo simples prazer mórbido de ver alguém sofrer ou por ser a sua vez na cadeia cíclica de descontar a raiva em alguém que esteja perto de você.
     Lembro de uma frase "corajoso é aquele que, podendo ferir não fere", talvez soe moralista e colegial demais, mas como eu nunca esqueci dela e sempre fez todo o sentido pra mim, presumo que eu encontre nela algum significado e alguma identificação mais profundos..Já quebrei muito a cabeça pensando em tudo isso que estou escrevendo agora, já senti na pele o que isso significa, e na maioria das vezes resolvi optar pela neutralidade. Creio que seja possível não dar atenção aos ataques e seguir de acordo com os seus próprios princípios e sensibilidade, se você acha "errado" (essa discussão vai muito além do mero certo ou errado, mas a ideia geral é essa) ferir alguém, por mais que a oportunidade se mostre e por mais que isso pareça satisfatório, você deve se ater ao que acha que é mais correto. Na verdade é essa atitude que demonstra força e resiliência, já que é muito fácil jogar as pedras e julgar sem qualquer consideração, ao passo que é realmente muito mais dificil ser sensível e enxergar o outro como um ser humano.

3 de fev. de 2013

Coincidence or Fate?

São em momentos como esse que eu me sinto mais inclinada a escrever, por mais que as palavras possam sair tortas e um tanto quanto repetitivas. Acredito que a escrita, assim como a leitura e a escuta, é altamente terapêutica, e se não tem o poder de cura - acredito que a terapia não seja miraculosa - pode pelo menos, no seu devido tempo, te levar de volta ao ponto de equilíbrio (se é que há um!) e proporcionar um lugar seguro da tempestade. Assim como na psicologia, onde as sessões psicoterápicas não funcionam como uma poção mágica, da mesma forma é no dia-a-dia, sinto dizer que tudo depende da nossa boa vontade, ou má vontade.
Independente de crenças pessoais, religiosas, profissionais, creio que todos nós já tivemos, nem que seja uma vez na vida, provas ou indícios que nos fizeram ver como a vida é engraçada, como certos "acasos" parecem ser algo além disso e como certas coisas (ou tudo?) acontece por algum motivo. Já fui muito mais supersticiosa antigamente, hoje prefiro assumir uma posição mais cética em relação às coisas, porque acima de tudo eu acredito, em parte devido ao que eu tenho aprendido como estudante de psicologia, que nenhuma situação é unilateral, por isso acho sempre importante olhar os dois ou mais lados da coisa. Deixando de divagar, que também é algo muito terapêutico, encontrei essas palavras que eu tinha escrito há mais ou menos um mês atrás, e se naquela época elas faziam sentido, agora elas soam absurdamente significativas e coincidentais:

"além de passar por um espectro imenso de emoções, o final tem como um dos objetivos, o de passar uma mensagem, além de nos deixar na beira de uma depressão profunda (desconfie de quem não foi tocado pela história nem no último minuto do filme, porque essa pessoa provavelmente seja um ciborgue), ela nos dá forças e inspira resiliência. por mais que as perdas venham, e elas virão, seja forte e tente manter a memória daquela pessoa dentro de você. realizar tudo aquilo que um dia foi planejado fazer é uma linda homenagem, dar a honra de permanecer vivo e feliz por isso é outra. acima de tudo, creio que o filme seja uma homenagem a todos aqueles que perderam pessoas, que tiveram que permanecer nesse mundo, incertos sobre se o futuro apagaria a dor ou não, mas que mesmo assim continuaram fortes e mantiveram a memória viva. a personagem é uma ode à vida, ela é a prova mais real de que nós podemos nos recuperar das perdas mais absurdas e inesperadas e continuar."

30 de jan. de 2013

The Dream

my interiors hurt like open wounds
see no way out of this drowning pain
when sunny days don't make sense no more
when my mind stumbles slowly into the facts
that can't nor will be changed or destroyed
we've lost a pure soul
and that is enough to cast a whole life into grey
tell me again for I simply cannot understand
my psychologist senses are numb, I cannot comprehend it this time
how is it that a special soul like that could have disappeared
among all that fire and death?
I hope it didn't hurt,still,
I hope you saw all the good times flashing through your eyes
saw all the love that surrounds you, because it is so much, so grand.
despite all the emptiness and the anger that pours over us right now,
your life was never in vain
there is still so much of you alive in here, in us, believe me when I say,
your dreams and your spirit go on, until the end.
nothing will die, remember that!
I'm writing this because I believe, I know
that you're at somewhere, and that someday
we'll meet again
all of us.

29 de jan. de 2013

O Brilho Eterno das Lembranças

     É tempo em que a morte passa pelas redondezas e me faz uma visita, novamente. Na teoria é fácil aceitar que perdas e morte são mais do que parte da vida, um acontecimento pelo qual todos nós vamos passar, mais dia menos dia. Lendo textos sobre o tema é fácil de pensar a morte como algo normal do desenvolvimento humano, algo que devemos simbolizar e eventualmente superar. É fácil, em um curso de psicologia, entender o luto como a morte de um objeto no qual depositamos nossas energias libidinais e do qual agora precisamos nos desligar, fazendo com essas catexias fluam para um novo objeto. É também momento de morte de uma parte do nosso próprio ego.
     Na vida real, como todos sabem, as coisas se desenrolam de uma forma bem diferente. Ninguém jamais vai se lembrar de palavras lidas em um livro quando se está mergulhado em sua própria dor. Não há nada que importe menos ou que seja mais inaceitável do que a ideia da naturalidade da morte, quando perdemos alguém querido.
     Nada daquilo faz sentido, é necessário que se repita o fato mentalmente várias vezes seguidas, pra que se acredite nele realmente..o pior de tudo é acordar no dia seguinte, e nos milhares de dias seguintes e perceber que a realidade é uma só, e não há possibilidade de retorno, apenas dor e nostalgia. E você se pega pensando: para onde foram essas pessoas tão importantes? não faz sentido que alguém com tantos sonhos e coisas a oferecer e realizar tenha se esvaído completamente. O que acontece com os sonhos e as paixões dessas pessoas depois que elas se vão? Pra mim não existe nada mais absurdo e sem sentido do que caminhar por um cemitério em uma manhã ensolarada, quando nós deveríamos estar pensando em outras coisas, planejando outras coisas além de lágrimas e dias cinzentos. Momento em que deveríamos estar planejando a próxima ocasião em que ficaríamos juntos, nosso ritual sagrado de amizade que já se repetia há anos..porque, o que seria a amizade senão um ritual do qual participamos de bom grado?
     Isso tudo me faz lembrar a mensagem de um certo filme que eu adoro muito, e que por essa específica razão significa algo de muito profundo pra mim. O que realmente importa quando perdemos alguém é não se deixar consumir pela dor. É claro que é impossível não se sentir despedaçado e pensar que nada jamais fará sentido novamente, mas e aí que precisamos encontrar um refúgio da tempestade e lembrar que aquela pessoa pode sim continuar viva através de nós e de nossas ações. Fazer jus à memória daquela pessoa, que com certeza, onde quer que ela esteja, gostaria que você seguisse sendo forte e vivesse sua vida ao máximo. Dessa forma, a existência daquele ser querido não terá se transformado em uma fumaça vazia e os seus sonhos não terão sido em vão. Eu acredito que a matéria orgânica se vai pra sempre, mas deixa muitas marcas e lembranças boas às quais podemos nos segurar nos momentos difíceis.
    Resumindo, podemos manter no presente o que está no passado.

"[...] When will the heart be aweary of beating?
And nature die?
Never, oh! never, nothing will die;
The stream flows,
The wind blows,
The cloud fleets,
The heart beats,
Nothing will die."

Alfred Lord Tennyson.

14 de jan. de 2013

Tell me what you see

Sim, ultimamente tenho deixado trechos de livros e melodias falarem em meu lugar, e sim, isso se dá devido a minha falta de tempo em vir aqui e escrever algo que tenha saído dos meus próprios pensamentos (que aliás, nunca serão apenas originalmente meus). Sim, essa música reflete um estado de espírito bastante recorrente pra mim, algo que diz da nossa solidão incondicional nesse mundo, apesar de toda a coletividade e o companheirismo. Lembrei agora que em algum filme que eu vi nos últimos tempos (e acredite, eu vi o suficiente deles pra começar a embaralhar todos os roteiros, diálogos e personagens incríveis nos quais tenho esbarrado) a mocinha contava um episódio em que estava sentada com seu namorado/marido/whatever no escuro, apenas à luz de uma vela, e ela disse a ele que ela se sentia como aquela vela, sozinha no meio de toda a escuridão do mundo, mesmo quando estava rodeada de pessoas, ao que o mocinho levantou, pegou outra vela, acendeu-a e colocou-a do lado da outra vela metaforizada. Realmente não me lembro de qual filme essa cena simples e linda saiu, de qual cabecinha mirabolante de algum diretor/roteirista/ator insano ela veio, mas aí é que está a beleza das coisas, não é verdade? aquele momento poético que geralmente nunca acontece em segundas-feiras como essa, em que você percebe o quanto as pessoas são loucas e incríveis e como é maravilhoso saber que você está no lugar certo, com as pessoas certas, por mais que todos sejamos apenas velas solitárias na escuridão de um quarto, todas tateando às cegas, procurando por outra velinha para compartilhar o silêncio, procurando por um apoio..



"All I want is someone who can fill the hole
In the life I know
In between life and death when there's nothing left
Do you wanna know?

You come in on your own
And you leave on your own
Forget the lovers you've know
And your friends on your own."