13 de jul. de 2008

Bal Des Pendues

Sem embargo, brevemente aquele outro Sol brilhará sobre tua cabeça novamente.


Pisarás em terra gloriosa...

Terreno Modelo.

Onde os ossos e almas que repousam sob teus pés irão saudar e cantarolar cantigas nativas...Tão naturais quanto folhas secas se arrastando pelo córrego escusado ou...como as árvores feridas que embalam o sono de verão das pequenas mãos, olhos e sonhos dos infantes [...]

Por mais que adormeças dentro de mim, continuarás sendo campo lindo de frutas e amores cabalísticos...Troncos pueris e lépidos enfeitando livremente as frontes amorosas...

Adeus, prado dos olvidos, é em ti que os doloridos podem sentar-se e mirar para o céu...e em um surdo momento de epifania, perceber que ainda há um horizonte se pondo ao leste, leste que levará ao teu mais íntimo jardim...

Dorme, que o teto de palha é leve
e leve são teus sonhos de algodão brando...

2 de jul. de 2008

Embriaguem-se

É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.


E se, porventura, nos degraus de um palácio, sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto, a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar, pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira, a tudo que canta, a tudo que fala, pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio responderão: "É hora de embriagar-se! Para não serem os escravos martirizados do Tempo, embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso".

Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Charles Baudelaire