29 de jul. de 2011

A Insustentável Leveza do Ser - Pt. 1


Depois de muitas conjecturas sobre o que postar, me veio à mente um livro que esteve bem presente na minha vida nos últimos anos. Já devo ter lido umas 4 vezes. Me agrada o jeito como eu encontrei ele, o jeito como eu fui lentamente descobrindo ele, e o jeito como eu continuo percebendo coisas novas, a cada releitura.

O dito cujo é o livro mais famoso do sr. Milan Kundera, nascido lá pelas bandas da Tchecoslováquia. Eu estava fuçando em um armário de livros velhos aqui em casa, e acho esse livro com um formato bem retangular e comprido, com a capa e a fonte um tanto toscas (foto do post), na verdade, o que me chamou à atenção mesmo foi o título: "A Insustentável Leveza do Ser". Acho que até hoje não tenho uma só ideia concreta do que realmente signifique essa leveza insustentável, apenas teorias bem vagas.

Me apaixonei por esse livro não porque eu tenha me achado parecida com algum personagem, mas porque ele é simplesmente belo. O autor consegue descrever cada sentimento e abstrair cada significado de cada conceito de um jeito tão fascinante e filosófico. Eu tenho a mania deselegante (ha) de sublinhar as frases que eu gosto nos livros. E nesse, são tantas "quotes", que deixaria esse post grande demais.

O livro começa com o questionamento sobre o que seria melhor: o peso ou a leveza? seguindo uma linha histórica, Kundera vai apontando as denotações que ambas as palavras ganharam ao longo do tempo. Ele diz: "A contradição pesado-leve é a mais misteriosa e a mais ambígua de todas as contradições". O peso, por um lado, nos remete a algo negativo e difícil, enquanto a leveza seria algo positivo e aliviante. Mas, ele traz a ideia de que nem sempre o pesado é ruim, já que, muitas vezes, só aquilo que é pesado resiste às provações do tempo, só o que é pesado pode ser intenso, e de certa forma, mais real. Já o leve, por sua vez, faz com que a pessoa se torne mais leve que o ar, que ela seja livre, mas também, se distancie da realidade e do sentido original de tudo. Só é grave aquilo que é necessário, só tem valor aquilo que pesa.


Eu acho tão lindo e real o amor que existe entre o 1° casal mostrado na narrativa, e também principal, Tomas e Tereza. Quando eles se conhecem, Tomas é um daqueles caras divorciados de 30 e tantos anos, no ápice da "vida sexual ativa", colecionando inúmeras amantes, porém, sem nunca se apegar a nenhuma, nem dormir na mesma cama após o ato, já que pra ele, "o amor não se manifesta pelo desejo de fazer amor, mas pelo desejo do sono compartilhado (este desejo diz respeito a uma só mulher)." Tereza é uma personagem com um passado opressor, ela sempre viveu em meio a um ambiente que lhe causava náuseas; tanto em casa - onde sua mãe sentia ciúmes dela com o padrasto e a forçava a mostrar seu corpo, dizendo que ele era igual a todos os outros corpos - como no trabalho, passou grande parte de sua adolescência trabalhando em bares da cidade, acostumada a ouvir propostas e frases indecentes de todos os bêbados que frequentavam o lugar. Levou seis acasos para o destino impelir Tomas até Tereza, e talvez seja isso o mais interessante, porque um acontecimento se torna mais importante e carregado de significados quando depende de um número maior de circunstâncias fortuitas.

Continuarei a falar mais sobre o livro no próximo post, esse já tá muito longo!

P.S. : Li essa curiosidade na página da Wikipedia do autor, e achei muito hilária;
"Sua obra principal, "A Insustentável Leveza do Ser" ganhou em 1988 uma adaptação para o cinema, sob a direção de Philip Kaufman e com Daniel Day-Lewis, Juliette Binoche e Lena Olin no elenco. Recebeu 2 indicações ao Oscar e reconhecimento mundial. Desde então Milan Kundera nunca mais autorizou a adaptação cinematográfica dos seus romances."

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