6 de mar. de 2013

we're all stardust

     Estive pensando sobre o significado da dimensão espaço-tempo e a sua origem. Estive pensando sobre o último sopro de vida..e me perguntando se alguma coisa nesse entremeio realmente tem alguma importância..? Curiosamente ou não, somos seres constituídos, externamente, pela poeira estelar (literalmente: stardust) das galáxias, não há nada de místico nisso, é um fato cientificamente comprovado (seja lá o que for a ciência..um acordo no protocolo de verificação de hipóteses e evidências?), e internamente, pelo vazio mais profundo e negro da via-láctea, pois o nosso contato com galáxias além ainda é limitado.
     O vazio, por sua vez, é o que impulsiona toda vida humana, somos os únicos animais capazes de ter certos desejos, que fogem à satisfação das necessidades mais básicas, além de podermos ponderar sobre esses desejos.  creio que o vazio seja a origem e a finalidade de toda vida, se não fosse por essa falta excruciante, nós permaneceríamos no útero pela eternidade, nunca nos moveríamos, nossos ossos não cresceriam e muito menos faríamos certas coisas..aprender a ler, amar, tocar um instrumento, viajar, aprender uma nova língua, ter empatia com outros seres semelhantes.  enfim, todas as coisas mais minúsculas, que podem por vezes parecer tão insignificantes..são sobre elas que as nossas vidas estão estruturadas.
     Um protótipo dessa situação seria a coleção mais completa e intocada de alguém...depois de apreciá-la, nos perguntamos, o que nesse mundo levou esse ser humano a ter motivação de começar aquilo? o que isso vai lhe trazer, de bom ou de mal? e principalmente, será que ele/ela se perguntou, ao menos uma vez, porquê o fazia? talvez..mas com certeza quando essa pergunta se tornou clara em sua mente, ele/ela deve ter desdenhado e ignorado ela, enquanto se preparava para tirar o pó de sua preciosa coleção.
     Se formos analisar todas as coisas que fazemos diariamente, rotineiras ou não, ficaremos abismados com a quantidade delas que se mostra completamente desnecessária e digna de questionamento. Pessoas dedicam suas vidas a esse tipo de coisa...catalogar todos os arquivos de uma biblioteca em ordem alfabética, assistir a todos os filmes de um certo diretor, tirar o pó dos mínimos detalhes dos móveis diariamente, mulheres que trocam de esmalte a toda semana...é claro que isso tudo faz sentido no momento em que estamos fazendo, mas se formos considerar o tempo de uma vida humana, talvez se torne uma tarefa desimportante demais. talvez seja esse o segredo, não pensar na longevidade de nossas vidas, pois, até onde sabemos, podemos ir até no próximo minuto, não há garantias empíricas de que viveremos o dia de amanhã. e o vazio que nos impulsiona a fazer todas essas coisas, consequentemente nos faz esquecer da imprevisibilidade do futuro, iminente ou distante.
     Considerando o que falei até agora, seria certo afirmar que eu também concordo que as pessoas também não deveriam se preocupar em serem boas e honestas, já que a vida é tão curta. mas esse raciocínio é muito simplista, como eu já disse, não desmereço as pequenas coisas da vida, apenas digo que é curioso que a estabilidade das nossas vidas devam tanto a essas pequenas coisas, que preenchem o vazio como um mosaico.