1 de jun. de 2011

Psico-oncologia.


Li hoje na revista Mente & Cérebro uma reportagem sobre a psicologia do câncer, e achei muito interessante, não só por já ter tido parentes próximos com a doença, mas também porque ela tocou em pontos que eu acho bem importantes nesse processo todo que a envolve; desde antes do diagnóstico até o tratamento.

Uma curiosidade que eu não fazia ideia é a de que a forma das células cancerígenas tem uma semelhança com a forma do caranguejo, daí o nome, câncer. A gente vê isso também na astrologia, o signo de câncer-caranguejo. E a doença é representada por esse crustáceo porque, colando da revista: "o caranguejo é um animal noturno que vive quase sempre imerso, invisível, e se desloca de maneira característica: de lado, com movimentos mal coordenados e imprevisíveis. Agressivo, de olhos fixos, apodera-se de suas presas." Ou seja, é uma bela metáfora que descreve o comportamento da doença, ela é latente, e quando resolve aparecer, sempre imprevisível, ataca com toda a sua força.

Hoje, câncer não significa mais sentença de condenação à morte, por mais que muitas pessoas ainda acreditem que sim, a doença pode ser vencida se for descoberta bem cedo. De um jeito ou de outro, o diagnóstico causa muito impacto no paciente e também nas pessoas ao seu redor, que são afetadas de modo quase equivalente, é uma sensação imensa de impotência perante o problema. É isso que o artigo destaca, a importância do apoio familiar e médico ao doente. Todo mundo sabe, ou pelo menos deve imaginar, o quão difícil é passar por todo essa situação; desde as consultas intermináveis em médicos diferentes e exames pra saber o diagnóstico, até a aceitação daquele fato - que provavelmente é a parte mais difícil - até o tratamento e a lida diária com aquela nova verdade.

Foi desse emanharado complexo que surgiu a psico-oncologia. Pra dar uma orientação psíquica pro paciente e também pros familiares dele. Os profissionais da saúde finalmente perceberam que tratar a patologia não é a única coisa que se pode fazer, mas também tratar o indivíduo em si, os seus medos e os seus questionamentos, uma vez que o modo como ele vai enfrentar essa situação muda tudo. emprestando mais uma frase: "O fortalecimento do estado emocional proporciona à pessoa maior adesão ao tratamento e melhor resposta física, assim como mais equilíbrio e entendimento do que acontece com seu corpo e seus sentimentos."

Segundo a OMS, em 2020, cerca de 15 milhões de pessoas, de ambos os sexos, terão algum tipo de câncer. Tá aí outro motivo que torna o apoio psicológico tão válido e bem-vindo. A doença provoca uma série de perguntas existenciais, como; "porque isso está acontecendo comigo?" ou "eu não mereço passar por isso, porque sempre fui uma pessoa boa". Causa muita dor e revolta, a gente nunca para pra pensar que doença e morte fazem parte do ciclo inevitável da vida, e que o fato de termos sido pessoas boas não imuniza nosso organismo. Outro elemento importante nesse acompanhamento psíquico é a fé. Não importa ao psicólogo saber qual a religião do paciente, mas sim o quanto ele acredita, pois ela pode ser uma aliada importante no tratamento.

Pra terminar, coloco aqui os 3 objetivos principais da consulta psico-oncológica:
1 - Falar sobre si mesmo, ainda que o médico não pergunte: é importante para o médico saber como o paciente está se sentindo, porque franqueza e confiança - de ambas as partes - facilitam a relação e o tratamento.

2 - Perguntar tudo o que desejar saber: deixando claro que não existem "perguntas idiotas", se há uma dúvida, ela tem um porquê de existir e é dever do profissional esclarecê-la. Não é bom só pesquisar informações pela internet ou dar ouvidos a conhecidos, que relatam casos que muitas vezes não tem nada a ver com o do indivíduo. Cada caso é um caso.

3 - Não sair do consultório com dúvidas: se o paciente não entender a linguagem técnica, ele deve perguntar.

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