29 de jan. de 2013

O Brilho Eterno das Lembranças

     É tempo em que a morte passa pelas redondezas e me faz uma visita, novamente. Na teoria é fácil aceitar que perdas e morte são mais do que parte da vida, um acontecimento pelo qual todos nós vamos passar, mais dia menos dia. Lendo textos sobre o tema é fácil de pensar a morte como algo normal do desenvolvimento humano, algo que devemos simbolizar e eventualmente superar. É fácil, em um curso de psicologia, entender o luto como a morte de um objeto no qual depositamos nossas energias libidinais e do qual agora precisamos nos desligar, fazendo com essas catexias fluam para um novo objeto. É também momento de morte de uma parte do nosso próprio ego.
     Na vida real, como todos sabem, as coisas se desenrolam de uma forma bem diferente. Ninguém jamais vai se lembrar de palavras lidas em um livro quando se está mergulhado em sua própria dor. Não há nada que importe menos ou que seja mais inaceitável do que a ideia da naturalidade da morte, quando perdemos alguém querido.
     Nada daquilo faz sentido, é necessário que se repita o fato mentalmente várias vezes seguidas, pra que se acredite nele realmente..o pior de tudo é acordar no dia seguinte, e nos milhares de dias seguintes e perceber que a realidade é uma só, e não há possibilidade de retorno, apenas dor e nostalgia. E você se pega pensando: para onde foram essas pessoas tão importantes? não faz sentido que alguém com tantos sonhos e coisas a oferecer e realizar tenha se esvaído completamente. O que acontece com os sonhos e as paixões dessas pessoas depois que elas se vão? Pra mim não existe nada mais absurdo e sem sentido do que caminhar por um cemitério em uma manhã ensolarada, quando nós deveríamos estar pensando em outras coisas, planejando outras coisas além de lágrimas e dias cinzentos. Momento em que deveríamos estar planejando a próxima ocasião em que ficaríamos juntos, nosso ritual sagrado de amizade que já se repetia há anos..porque, o que seria a amizade senão um ritual do qual participamos de bom grado?
     Isso tudo me faz lembrar a mensagem de um certo filme que eu adoro muito, e que por essa específica razão significa algo de muito profundo pra mim. O que realmente importa quando perdemos alguém é não se deixar consumir pela dor. É claro que é impossível não se sentir despedaçado e pensar que nada jamais fará sentido novamente, mas e aí que precisamos encontrar um refúgio da tempestade e lembrar que aquela pessoa pode sim continuar viva através de nós e de nossas ações. Fazer jus à memória daquela pessoa, que com certeza, onde quer que ela esteja, gostaria que você seguisse sendo forte e vivesse sua vida ao máximo. Dessa forma, a existência daquele ser querido não terá se transformado em uma fumaça vazia e os seus sonhos não terão sido em vão. Eu acredito que a matéria orgânica se vai pra sempre, mas deixa muitas marcas e lembranças boas às quais podemos nos segurar nos momentos difíceis.
    Resumindo, podemos manter no presente o que está no passado.

"[...] When will the heart be aweary of beating?
And nature die?
Never, oh! never, nothing will die;
The stream flows,
The wind blows,
The cloud fleets,
The heart beats,
Nothing will die."

Alfred Lord Tennyson.

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