3 de fev. de 2010

purple stain.

parece que se tivesse a chance, entraria em osmose com ele. habitaria em seu oceano profundo, como um peixe venenoso. sugando todas as horas. horas vazias e mortas. sempre, as horas.


assim, não existiriam mais silencios morbidos, hiatos desconfortáveis. afeição repudiada e desprezada. e ela suspiraria: "ó meu grande amor minha grande loucura."

a ansiedade que lhe rasga as vísceras é insuportável. ansiedade nociva, amor esquizóide, tontura doentia.

chegando aos extremos "você é meu, meu, mal posso acreditar que é só meu...você é tudo o que eu mais preciso, nada mais...deixe-me examinar sua alma, agarrá-la em meus braços, prometo que não vai doer, vou só tomar um pedacinho. só o coração é muito pouco, docinho..."

"não desvie o olhar assim, não mude seu caminho pra casa. não há escapatória. quando o destino quer, o destino acontece. ele faz 'uhhhhh...uhhhhh' lentamente no pé do ouvido, nos avisando da metamorfose vindoura. então, não adianta fugir...não fuja de mim. sou tudo o que você sempre sonhou, eu sei disso."

nem cem anos de solidão seriam suficientes para extirpar os vestígios que ele deixou (ou que ela manipulou?). cortadores de grama e tratores violentos esmagariam sua doce cabecinha contra o solo rochoso, mas, nem mesmo assim a marca se apagaria.

"não tenho medo de dizer o quanto amo, venero você...por mais que você não sinta o mesmo, não é necessário! oh, não, não...contanto que me deixe ouvir você respirar e adormecer sob setembro crepuscular. ah, o seu rosto de deus talhado em mármore. toda a dor enterrada em mim se dissipará, eu tenho certeza. todas as cicatrizes e mágoas e apegos apodrecidos aqui dentro se derreterão feito gotas de limão quando eu permanecer ao seu lado pra sempre"

"você pode me tocar se você quiser. mas não pode parar..."

e assim afetos desprendidos acabam se tornando fobias prematuras. caridade compulsiva. triste.

texto estranho e viagem demais...

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