4 de jan. de 2010

metamorphosis

após terminar a leitura de "a metamorfose", de kafka, é quase impossível não chegar à conclusão de que estamos totalmente sozinhos.

diga o que quiser, faça as análises psicológicas que quiser. o fato é que, essa estória nos remete à individualidade e ao isolamento. o máximo que alguém é capaz de aguentar.
é fato que, por ter se tornado um inseto, gregor samsa, com o tempo, deixou de ser um membro da família. mas, talvez ele nunca tenha sido um membro importante de verdade ali. O pai e a irmã tavez somente dessem valor à sua função ali, que era sustentar a casa e cuidar de toda a base econômica.
e ele, antes de começar a pagar todas as contas, era um rapaz totalmente oprimido pela figura do pai, que se mostra sempre poderoso, inflexível e invencível nas obras de kafka.
lendo a seguir "O veredicto", se tem uma visão ainda mais aprofundada da dinâmica de gregor (o jovem, georg bendemann também é de certa forma subjugado e humilhado pelo pai).
achei interessante que, na edição comentada de a metamorfose, há uma nota sobre a cena em que o pai de gregor começa a atacá-lo jogando maçãs nele. e uma delas o acerta em cheio nas costas (no dorso...) e infecciona. há quem diga que aquela maçã tenha o mesmo significado que tem na bíblia: o pecado original, no caso de gregor, o pecado de propriamente existir.

ambas histórias são extremamentes intimistas e auto-biográficas. e ambas muito deprimentes também.

"o instante do despertar é o instante mais perigoso do dia."

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