14 de jan. de 2013

Tell me what you see

Sim, ultimamente tenho deixado trechos de livros e melodias falarem em meu lugar, e sim, isso se dá devido a minha falta de tempo em vir aqui e escrever algo que tenha saído dos meus próprios pensamentos (que aliás, nunca serão apenas originalmente meus). Sim, essa música reflete um estado de espírito bastante recorrente pra mim, algo que diz da nossa solidão incondicional nesse mundo, apesar de toda a coletividade e o companheirismo. Lembrei agora que em algum filme que eu vi nos últimos tempos (e acredite, eu vi o suficiente deles pra começar a embaralhar todos os roteiros, diálogos e personagens incríveis nos quais tenho esbarrado) a mocinha contava um episódio em que estava sentada com seu namorado/marido/whatever no escuro, apenas à luz de uma vela, e ela disse a ele que ela se sentia como aquela vela, sozinha no meio de toda a escuridão do mundo, mesmo quando estava rodeada de pessoas, ao que o mocinho levantou, pegou outra vela, acendeu-a e colocou-a do lado da outra vela metaforizada. Realmente não me lembro de qual filme essa cena simples e linda saiu, de qual cabecinha mirabolante de algum diretor/roteirista/ator insano ela veio, mas aí é que está a beleza das coisas, não é verdade? aquele momento poético que geralmente nunca acontece em segundas-feiras como essa, em que você percebe o quanto as pessoas são loucas e incríveis e como é maravilhoso saber que você está no lugar certo, com as pessoas certas, por mais que todos sejamos apenas velas solitárias na escuridão de um quarto, todas tateando às cegas, procurando por outra velinha para compartilhar o silêncio, procurando por um apoio..



"All I want is someone who can fill the hole
In the life I know
In between life and death when there's nothing left
Do you wanna know?

You come in on your own
And you leave on your own
Forget the lovers you've know
And your friends on your own."

29 de dez. de 2012

Looking for Alaska

"Shhhh", she said. "I'm sleeping".
Just like that. From a hundred miles an hour to sleep in a nanosecond. I wanted so badly to lie down next to her on the couch, to wrap my arms around her and sleep. Not fuck, like in those movies. Not even have sex. Just sleep together, in the most innocent sense of the phrase. But I lacked the courage and she had a boyfriend and I was gawky and she was gorgeous and I was hopelessly boring and she was endlessly fascinating. So I walked back to my room and collapsed on the bottom bunk, thinking that if people were rain, I was drizzle and she was a hurricane.
John Green.

22 de out. de 2012

if you can believe your eyes and ears..

Difícil mesmo é encarar o gritante fato de que a nostálgica infância há muito tempo se foi e agora você é alguém maduro; alguém cujas atitudes esperam-se que sejam razoáveis e firmes..isto é, alguém que precisa dar à sociedade bem mais do que é capaz de dar, mantendo-se em dívida pendente todos os dias. o homem endividado toma conta de nossas vidas, assume o controle de nossos sonhos e idealizações, nos assusta em pesadelos com a sua voracidade e ansiedade irrefreáveis. Ser o melhor, em tudo. Chegar a tempo, ser o primeiro, ser sortudo, pegar o melhor lugar, ser o mais eloquente, o mais saudável, o mais normal, o mais enquadrado. Não há necessidade de dizer que quem não segue à risca estes regulamentos ou quem não dá a importância devida, será prontamente segregado, sem prévio aviso nem previsão de retorno.

E eu pergunto: onde ficam os modestos, os introvertidos, os "na sua" nesse cenário? simplesmente não há lugar para discrição..as pessoas querem te ver despido de qualquer pudor social, querem o seu coração e as suas tripas expostas pra que possam examiná-las e julgá-las conforme leis pré-estabelecidas. ao invés de pensar, temos que produzir. não se pode mais permanecer em silêncio sem que te julguem como desprovido de opinião, precisa-se gritar a plenos pulmões cada pensamento que lateja sem cessar.

De onde vem esse desejo insaciável por emoções genuínas? esse culto à exposição, à constante transformação do dia-a-dia em um desses reality shows cheios de sentimentos baratos e mentes fúteis?! será que, de novo, vamos colocar a culpa no impiedoso "sistema" que nos aprisiona, no capitalismo selvagem que tomas os corações alheios transformando-os em máquinas de última ponta ? talvez. mas nesse caso, o problema vai mais além. Creio que o motivo disso tudo seja o verdadeiro empobrecimento do interior de cada um de nós. Como não temos mais espaço, nem permissão para termos nossos próprios sentimentos, independentes de coerções externas, acabamos procurando-os em subjetividades alheias, que nos proporcionem o prazer prostituído das sensações.

O filme "O Show de Truman" ilustra muito bem essa situação..mostra como seres humanos podem chegar ao extremo da antiética e explorar inescrupulosamente toda a existênca de uma pessoa. Tudo por uma busca frenética por sentimentos verdadeiros, algo que certamente estava se perdendo em suas próprias vidas.

Um Retrato





como poderíamos, por um momento, pensar que nossa situação tem saída? em um planeta superpovoado e superinfectado como o nosso, os seres humanos são diariamente devorados por seus fantasmas e delírios interiores..não há tempo sobrando para se preocupar com a dor alheia! como ainda se pode crer na transformação do futuro? quando os principais agentes transformadores do pensamento (nem que seja do seu próprio), os psicólogos, se entregam sem pensar aos seus próprios preconceitos mistificados em crenças petrificadas?! não há mais nada que possa mudar a mentalidade pós moderna, nada que desvie a atenção do homem do gosto de sua própria carne..Narciso deixou mais herdeiros do que poderíamos dar conta. Wilde soube mostrar isto muito bem, e nossos destinos que se desdobram, cada vez mais individualistas apenas reforçam o fato: somos genuinamente e deliberadamente egoístas em nossos atos de cada dia, até mesmo no impulso de escrever simples palavras...

27 de jul. de 2012

Razão & Sensibilidade



     Passear pelas colinas próximas ao chalé durante a manhã altiva, colóquios agradáveis na hora do chá e quem sabe um pouco de música para despertar a tarde preguiçosa! uma poesia lida com fervor ao final do dia, para agradar os de profunda sensibilidade. Tantas e tantas vezes desejei regressar aos dias de Barton Cottage...dele só me resta a lembrança onírica que hoje acalenta as horas urbanas. A vida em meio a estas mansões e ruas de pedras jamais poderia ser mais encantadora do que a vida no countryside; na cidade não se pode conhecer a todos de forma equivalente, portanto não se pode apreciar igualmente os talentos e o caráter de cada um...esta selva que abriga corações selvagens nunca poderia conhecer adequadamente as calmarias e a paz que reinam em almas que repousam sobre as macieiras, quando o sol dá o seu último adeus, beijando a beira dos morros a se perderem de vista. oh! como anseio por voltar a sentir a plenitude do sol batendo em minha fronte, sem  que nenhuma construção sem vida bloqueie os graciosos raios do astro-rei...correr sem rumo algum por entre o tapete verde que se estende até o fim do condado..até o fim do mundo!
     Em minhas preces somente há de existirem votos de que na derradeira hora, aqueles que me são mais queridos, lembrem-se de meu modesto pedido, e levem minha alma para fazer o seu último repouso em terreno abençoado, onde amei cada instante que tive a satisfação de viver ao lado de mamãe, Elinor e Margaret...no chalé de Barton!

Sincere words from your always sensitve and true;
Marianne Dashwood.