17 de jan. de 2012

Enjoy The Silence

por  vezes até parece que eu perdi o meu nato "dote" para escrever. analisando friamente, nunca foi tão bom...mas sempre me satisfez. como os dias têm sido corridos e as noites tão tênues...as pessoas tão ausentes. literalmente. por um lado é até bom. enjoy the silence,sim, eu aprecio o silêncio, e o trato como um grande corredor...por onde passo apática e veloz. não quero parar, olhar para todos os lados e perceber o vazio.

por vezes lembranças de auroras distantes se acendem repentinamente em minha memória. mas é momentâneo, não há tempo para pensar muito no passado, quando absolutamente tudo depende do futuro. e um futuro bem próximo, este se veste como uma vultosa raposa negra. o choro do vento do inverno não colabora.

por vezes quero estar completamente cercada por melodias, que afaguem ou amenizem a dor; anestésicos, placebos, paliativos. um disfarce conveniente e eficaz. se pudesse, escreveria para sempre.
por vezes dói tanto ser forte em um momento, mas desmonorar no seguinte. é o que tem acontecido, vamos nos encaixando cada vez mais em nossas cavernas, nos cobrindo de ilusões de segurança, quando nunca estaremos a salvo de nós mesmos, é inútil...

por vezes penso que, sim, eu deveria anular tudo completamente, como se fosse uma folha de papel rabiscada, aquela velha estória de querer começar tudo do zero. isso é ilusório. creio que, para nos satisfazermos devidamente, teríamos que trocar de vida pelo menos uma vez a cada cinco anos. e talvez ainda fosse pouco. não deixo esses tipos de pensamento muito desgarrados chegarem á superfície. sinto que, no fundo, pela auto-educação que tive, coisas que vivi, coisas nas quais acredito, eu deveria ser algo diverso do que sou hoje. mas as influências externas são meros incentivadores perto da sua verdadeira essência.

velhas palavras

Tens tudo, absolutamente tudo
O cálice derramado por sobre tua fronte
Inspira sopro divino por tua boca
Te são oferecidos mundos, caixas de papelão
Com as quais fazes barcos...

O que é este torpor que transcende o conceito de patologia?
Sim, é algo a mais do que uma psicose, mesmo que instantânea
A dor desliza por dunas tissulares. contorna e se soma à tua estúpida carne
Ainda tens a figura de um macho...mas nada
dentro de ti é terreno...sentes que transcende a barreira corpórea
Ficas no topo, sentado, observando a grande magia de tudo...

Apenas tenha a certeza de que és um busto
em exposição em um museu qualquer deste mundo
Almas te admiram, te vaiam ou te odeiam
Não importa o que aconteça, estás em constante exposição.

Surrealismo?

trancado dentro de centenas de paredes incapaz de gritar
você sente que aquela melodia nostálgica de leve
irá despertar a dor que estava dormindo
como uma maçã podre
que está infectada até o caroço
como um tronco
sem seiva
e um fluxo constante

o calmo conformismo
pinga em forma de cera
do seu ouvido esquerdo
você é uma estátua da dor
como venus de milo
não foi crucificado
por não ter braços

uma pesada cruz
você não consegue aguentar
e isso continua
o cheiro de ferro dos ossos
sangrentos e carnosos esfregando-se e partindo-se

9 de jan. de 2012

O Enigma da Palavra


 E as promessas cada vez mais antigas vão se esvaindo pelos poros, se transformam em partículas microscópicas diante da grandiosidade e longevidade de nossa história. e só o que me resta é escrever. é meu único ataque, minha única redenção.
Escrever, em meu universo, significa voar aos céus e enxergar o limite (the sky is not the limit), o mais alto que eu posso alcançar, porque é através das palavras irreais que eu escrevo, que eu me torno real.
escrevo mais retalhos e vestígios de histórias do que textos propriamente ditos. mas é o bastante, sinto-me satisfeita comigo mesma, como em poucas outras ocasiões me senti.
Por mais que o mundo esteja desmoronando lá fora, por mais que todas as espadas fechem o cerco ao redor, a minha escrita, e principalmente o meu pensamento, sempre permanecerão intactos, intocáveis. um porto seguro ao qual posso sempre fugir em meio à tempestade. nada mais peço além disso, nada mais mereço.

3 de jan. de 2012

plenitude e perfeição

   Um sentimento esmagador de completude toma lugar. tudo parece estar indo conforme o desejado, como se subitamente, todos os sinais tivessem ficado verdes. tudo está tão perfeito quanto uma escultura de vidro, recentemente cinzelada...é tão clara e bela mas ao mesmo tempo muito delicada, a qualquer movimento brusco ou mal jeito de mãos, há o risco de ela se partir, em milhares de pedaços irreparáveis.
  Não se pode encontrar a felicidade nem mesmo na perfeição, não plena, pelo menos. usualmente vai parecer bom demais para ser mesmo verdade, como se por trás de tudo houvesse algo não tão belo. haverá agonia, ansiedade e medo, na perfeição. mas enquanto isso, na superfície nítida e limpa, sou apenas faíscas, águas cristalinas e sinais verdes.