9 de jan. de 2012

O Enigma da Palavra


 E as promessas cada vez mais antigas vão se esvaindo pelos poros, se transformam em partículas microscópicas diante da grandiosidade e longevidade de nossa história. e só o que me resta é escrever. é meu único ataque, minha única redenção.
Escrever, em meu universo, significa voar aos céus e enxergar o limite (the sky is not the limit), o mais alto que eu posso alcançar, porque é através das palavras irreais que eu escrevo, que eu me torno real.
escrevo mais retalhos e vestígios de histórias do que textos propriamente ditos. mas é o bastante, sinto-me satisfeita comigo mesma, como em poucas outras ocasiões me senti.
Por mais que o mundo esteja desmoronando lá fora, por mais que todas as espadas fechem o cerco ao redor, a minha escrita, e principalmente o meu pensamento, sempre permanecerão intactos, intocáveis. um porto seguro ao qual posso sempre fugir em meio à tempestade. nada mais peço além disso, nada mais mereço.

3 de jan. de 2012

plenitude e perfeição

   Um sentimento esmagador de completude toma lugar. tudo parece estar indo conforme o desejado, como se subitamente, todos os sinais tivessem ficado verdes. tudo está tão perfeito quanto uma escultura de vidro, recentemente cinzelada...é tão clara e bela mas ao mesmo tempo muito delicada, a qualquer movimento brusco ou mal jeito de mãos, há o risco de ela se partir, em milhares de pedaços irreparáveis.
  Não se pode encontrar a felicidade nem mesmo na perfeição, não plena, pelo menos. usualmente vai parecer bom demais para ser mesmo verdade, como se por trás de tudo houvesse algo não tão belo. haverá agonia, ansiedade e medo, na perfeição. mas enquanto isso, na superfície nítida e limpa, sou apenas faíscas, águas cristalinas e sinais verdes.

27 de dez. de 2011

O que importa é andar

Na Natureza Selvagem;
 O isolamento é extremamente fascinante. começando pelas pequenas coisas, abdicar-se de todas as redes sociais cheias de pessoas e assuntos hipócritas e sensacionalistas. depois, parentes chatos que somos obrigados a tolerar. logo, o fone de ouvido será a única coisa a entrar dentro de seus ouvidos. já que estamos na era da individualização, povoado por almas distantes e cabeças monótonas, não faria mal fazer jus ao derradeiro período.
em algumas noites de dias cansativos, a vontade de literalmente pular pra fora de tudo é quase irresistível. vagar por uma rua qualquer de algum outro mundo qualquer, como um andarilho sem destino, um eterno errante.
os motivos são variados...incompreensão, cansaço, tédio enfermidade (física ou psíquica), revolta, experimentação ou pura distração. não importa o motivo pelo qual há a opção do isolamento; de ir embora de uma vez por todas, de fugir das garras do tempo que se esgota e da rotina que assassina...o que conta é andar.

12 de dez. de 2011

qual é o seu universo paralelo?

a própria ideia de que nesse exato momento poderia existir um outro eu, um outro você em algum universo paralelo de uma galáxia aleatória, é assustador. Um você que esteja carregando baguetes ao longo da rua que passa pelo rio Sena. Um outro você que é lutador livre profissional, um outro você que talvez, seja ainda mais vagabundo e que toca violão e fuma maconha o dia inteiro. O que eu quero dizer é que não se pode ter certeza de nada, então por que não acreditar? a vida se torna um tanto enfadonha quando o ceticismo reina. milhares de partículas teriam de ser aceleradas à velocidade da luz, kms de vácuo teriam de ser agitados, estrelas teriam de explodir em mil pedaços, o sol teria de se mover em uma órbita diagonal..até que nós descobríssemos a verdade. sobre a nossa gênese, que, talvez, se deu na fragmentação cósmica entre todos os universos em que habitávamos...uma quebra que deu origem à relatividade tempo-espaço, ao nosso mundo como o conhecemos hoje, à toda a merda do planeta terra. a fome excruciante que sentimos é mais do que um simples desequilíbrio químico, na verdade, é a falta que o nosso outro eu do universo paralelo faz. você pensa que isso acaba por aqui, mas está enganado. isso se perpetuará através de intermináveis casas de espelhos multidimensionais, lupas desfocadas e vidros ladrilhados infinitos. voando no vazio tentando encontrar a porta certa.

o amor e a neurose

A neurótica convicta deixaria o amor trancafiado dentro de sua redoma de vidro, longe de todos os tipos de infecção, contágio e enfermidades. conservá-lo vivo, acima de tudo, é o essencial. não importa se ele se sentirá sufocado, esmagado, contanto que ainda lhe proporcione o prazer das aparências.

" Acaso não sabes que as aparências são como a nossa alma perante os olhos alheios? esconder as rachaduras, as falhas e defeitos, apresentar um exemplar bem cuidado e manso. fazer-se imperceptível entre o rebanho de cópias, essa multidão fiel. o amor tentou nos dominar, quis subverter a ordem, nos consumir em piras colossais, nos fazer acreditar que somos Um. ideais libertários e de amor livre podem parecer atrativos à primeira vista, mas na prática não são nada convencionais, nem um pouco aconselháveis"

O amor vai te tirar dos trilhos, te colocar no lado errado do caminho.